Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta

143 UM JEITO DE SER E VIVER NO KILOMBO DE MÃE PRETA Não se ingere apenas o alimento, mas a energia com a qual ele foi prepara- do no nosso Templo Alquímico de Saúde Alimentar (TASA). Fernández- -Armesto (2004), esclarece que: Quando olhamos para uma banana ou um copo de suco de laranja, é provável que não compreendamos que há prana, ou energia universal neles, ou que o mesmo espírito que anima tudo vive, se mexe ou respira existe na comida, mas ele está lá, mesmo assim. O movimento de preparar os alimentos, irradiá-los e ingeri-los são considerados sagrados na CoMPaz . Estes são momentos em que a fé nos princípios e valores da comunidade renovam-se, congregando a atenção dos membros para estes rituais que celebram a confraternização e também o agradecimento aos seres da natureza e também a todos que direta ou indi- retamente possibilitaram que o alimento estivesse à mesa. Sobre estas questões, S. J., explana mais: Todo o alimento preparado pelos integrantes da CoMPaz além dos componentes necessários a nutrição recebe as emanações magnéticas oriundas do pensamento, emoções e sentimentos de quem os prepara e compartilha, em ou- tras palavras, isso significa que nos alimentamos de nossas intencionalidades e sonhos. O que nos difere de algumas pessoas é a consciência no uso dessa capacidade, a qual não requer nenhuma habilidade anterior, mas tão somente a intenção, pois sabemos que independente desse saber o processo de magnetismo ocorre. Isso talvez, para algumas pessoas explique porque “a comida da mãe é sempre tão saborosa” e porque alimentos ingeridos em locais, aparen- temente assépticos produzem um enorme mal estar. Há a presença dos alimentos simbólicos ou sagrados presentes em de- terminados ritos da comunidade, como a canjica e a pipoca, consumidos em reuniões mensais, voltadas a espiritualidade. Isto simboliza segundo K. R. (27 anos), outra moradora da Comunidade, um ritual de socialização e com- partilhamento, assim como a fartura, representada pelos grãos. A partir da alimentação, as práticas espiritualistas são também traba- lhadas com as crianças, como a irradiação, referida anteriormente, possuin- do uma função educativa. Com os visitantes nos momentos das refeições,

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