Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta

141 UM JEITO DE SER E VIVER NO KILOMBO DE MÃE PRETA versas áreas do conhecimento, principalmente na medicina naturalista, nas filosofias orientais, na agroecologia, no saber popular, mas principalmente em processos de auto observação intuitiva. Quanto a esse último, talvez se con- figure como um dos nossos principais aliados, pois dessa vivência decorre o autoconhecimento a percepção interna, singular e subjetiva de nossas necessidades bioenergéticas. Outro resultado desse movimento foi o reconhecimento dos biorritmos. Embora “naturais” os alimentos não deve- riam ser consumidos com o mesmo modo de preparo, nos mesmos horários e com a mesma frequência. Uma mesma substância/ingrediente, usada por diferentes pessoas pode- ria alcançar propriedades igualmente diferentes. A prática da alimentação vegetariana sempre acompanhou a história da CoMPaz, sofrendo algumas adaptações durante o seu transcorrer, como a inclusão do ovo e do leite e seus derivados no cardápio das refeições, assim como o peixe, eventualmente, como forma de complementar as ne- cessidades vitamínicas e proteicas do corpo. Neste sentido, Garine (1987) salienta que: Cada grupo social possui seus valores, seu estilo de vida e um registro alimentício que contribui para ilustrá-lo. Em função de critérios muito variados, cada grupo realiza uma seleção entre numerosos recursos que lhe são oferecidos, o que limita as possibilidades de ver estabelecido, como às vezes se imagina, um modelo alimentar uniforme. Fernández-Armesto (2004), relata ainda que: Desde a antiguidade, dietas totalmente vegetarianas foram aprovadas por sábios conscientes dos efeitos benéficos de todos os tipos de auste- ridade e por críticos da arrogância humana que afirmam ser superiores aos animais. A prática de uma alimentação vegetariana era compreendida como um fator necessário à purificação dos corpos para o exercício das ativi- dades espirituais, pois à ingestão da carne, sobretudo a carne vermelha, é atribuída uma densidade energética que incorporada ao organismo acaba

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