Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
134 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 A CIÊNCIA DOS ORISHAS E OS SABERES DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS Se você é de rodar Ou se é de bater tambor Faça o favor, Tome um banho de abo... Mas pra se ter a certeza Que banho só traz axé Seja banho de cheiro, Banho de arruda, Banho de guiné. É pois é o mais importante é a fé (Banho de fé, Fundo de Quintal) Alguns caminhos fundamentais foram trilhados ao longo dos anos de existência da Comunidade e estes foram constituindo e aprofundando práticas e saberes que possibilitam o diálogo entre o ancestral e o contem- porâneo. Todas estas práticas e saberes têm o mesmo fundamento: a cons- ciência do sentido de existir. Dentre estas podemos citar: • A elaboração e revisão contínua do projeto de vida; • Amaternidade e paternidade espiritualizadas; • O cuidado com a saúde alimentar (orgânica, ovolactovegetaria- na, alinhada às necessidades biológicas e energéticas, jejum, água irradiada); • O uso correto da palavra (Asè de fala, a reverência a ancestralida- de, os Rezos entoados, Ipádè dos sentimentos); • O cuidado ambiental integrado (defumação, trilha, açude, foguei- ra, Adehun); • O cuidado com o Ará (banhos de folhas, dança, o toque do tam- bor, pés no chão, escalda pés, banhos de assento); • A partilha (os O-madês como centro do cuidado, a brincadeira, a arte, a Ekonomia Afetiva, a hierarquia circular, o propósito). “Vocês são todos filhos e filhas do amor universal” diz a nossa Yabá Ancestral, Mãe Preta. A consciência da potência de vida como princípio divino é para nós a evidência de uma condição de saúde. O Kilombo sem- pre esteve presente na Comunidade, mas nós só o percebemos quando nos reconhecemos como mulheres e homens negros e negras e indígenas
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