Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
117 UM JEITO DE SER E VIVER NO KILOMBO DE MÃE PRETA Conseguimos alcançar a partir de 2014 com o Projeto Oju Ayiê (cui- dar da terra, em uma livre interpretação do idioma yorubá de África) um nível de produtividade que garante entorno de 60% de autonomia em re- lação à aquisição de verduras, legumes e frutas considerando a sua sazo- nalidade. Fomentamos consideravelmente o cultivo de ervas medicinais para chás, banhos, fluídos, pomadas caseiras. Isso nos estimula a prosse- guir com as práticas agroecológicas a fim de aumentarmos esse percentual gradativamente. Assim reduzimos as compras externas e o que é excedente podemos comercializar junto às pessoas que frequentam a CoMPaz em nossas atividades. As trocas acontecem em eventos na CoMPaz, onde oferecemos saco- las de produtos orgânicos para venda e em feiras que eventualmente parti- cipamos em outros locais. Aceitamos também encomendas de sacolas de produtos orgânicos e entregamos para as pessoas da cidade. Sejam atos e não palavras teus ensinamentos (Mãe Preta – Yabá an- cestral da comunidade Kilombola Morada da Paz). O aprendizado agroe- cológico se dá no cotidiano, com a participação nas atividades, onde há a presença dos Olùwás (em uma livre interpretação do yorubá, anciões que têm a sabedoria ancestral para passar adiante) partilhando seus saberes com os mais jovens do Kilombo. Realizamos vivências e rituais onde essa integração intergeracional é potencializada. Os saberes são sistematizados, há momentos de estudo e troca entre os participantes e o público exter- no, que interagem em alguns momentos, como no Plantio Com Vida, que acontece sempre em setembro de cada ano, celebrando a chegado do equi- nócio da primavera e a Vivência Kilombola, que ocorre durante um dia, no mês de novembro e é uma atividade voltada às escolas da região, que vêm conhecer um pouco mais sobre o nosso jeito de ser e de viver e o manejo agroecológico Kilombola da CoMPaz. As novas gerações estão integradas às atividades aprendendo e expe- rimentando constantemente. Todas as crianças e jovens fazem um estágio com os Olùwás (guardiões da sabedoria ancestral) da terra. Há oficinas de agroecologia para as crianças na Escola CoMKola Kilombola Epe Layiê, espaço educativo não-formal da CoMPaz, há três anos. Percebe-se pelas escolhas que alguns jovens do Kilombo fazem ao direcionar seus estudos de ensino médio, graduação e outros, quando optam por cursos ligados ao zelo e cuidado com a natureza, com práticas alimentares bioenergéti- cas-vegetarianas e também quando possibilitam, participam e potenciali- zam espaços de trocas de sementes crioulas, seminários entre comunidades Kilombolas e indígenas intergeracional sobre manejo e cultivo do solo – como o ocorrido em 2019 – organizado pela juventude Kilombola da Co- munidade Morada da Paz, que há profundo interesse em se envolver e dar
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