Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta

112 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 (Templo Alquímico de Saúde Alimentar) entre três mulheres da irmandade da CoMPaz que tinham um sonho de criar um espaço a fim de problemati- zar, refletir sobre a situação atual da Educação no Brasil, trazendo a visão da comunidade, a Pedagogia do Encantamento, um olhar sobre educação a partir de uma comunidade espiritual kilombola. A Yalase do território acolheu a proposta e a materializou através de um texto que trouxe a me- todologia desses encontros mensais que ocorrem desde junho de 2017 na CoMPaz. Esses encontros dialogam com o modo de viver da comunidade trazendo temáticas de estudos, prática e formação dos moradores. Desta forma, trabalham a interdisciplinariedade no desenvolvimento dos diálo- gos propostos. Além disso, visam a criação de vínculos com as escolas da região para projetos futuros conforme a Lei 10.639/03 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro- -Brasileira". Esse projeto é de suma importância, pois pretende dar visibi- lidade para a educação kilombola, trazendo sobre as formas de pensar e de ver a vida a partir da educação Kilombola CoMPaz. É importante salientar também a não eficácia da Lei 10.639/03 nas escolas e a pouca formação para a prática dessa lei em níveis nacional, estadual e regional. As temáticas dos Encontros Dialógicos CoMPaz versam sobre a visão de saúde integral dentro da comunidade; a Pedagogia do Encantamento da Escola Comkola Kilombola Epè Layiè; Etnoludicidade – o brincar dentro do território; Território, lugar e espaço, dentre outros assuntos. Este projeto também nasce a partir de um desejo de auxiliar os educa- dores que estão inseridos no ensino tradicional através de um processo de sensibilização em outras formas de se educar, além de possibilitar um es- paço de promoção de saúde e bem estar aos educadores e todos os interes- sados através de momentos de escuta e fala respeitosa. O Projeto promove um ambiente onde eles podem trazer suas percepções, angústias e ideias em relação a diversos assuntos que envolvem a educação e vivenciar algumas horas do nosso jeito de ser e viver, das ritualísticas da Nação Muzunguê. São recebidos na porteira por um dos moradores e depois, na fogueira, pas- sam por um processo de limpeza de todas as energias negativas que possam estar em seus corpos. Este rito proporciona uma consciência corporal, das emoções, pensamentos, atitudes e fortalece as pessoas no sentido de ser responsável por conduzir, limpar suas incomodações, angústias, ansiedade para estar dentro do território com o coração tranquilo. Na sequência são acompanhados até o espaço do Encontro para realizar a atividade. Na aber- tura onde são invocadas as entidades, é pedida às divindades, aos povos da terra, especialmente a Odé, guardião da CoMKola a licença para iniciar

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