Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
108 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 Figura 31: Brincar é um direito urgente. Acervo CoMKola Epé Layiè. A CoMKola tem um espaço próprio ocupado, atualmente na área de entrada da CoMPaz, que é seu local de referência (alojamento e espaço lúdico-pedagógico), porém todo o Kilombo é um ambiente educativo. Tra- balhamos nos últimos dois anos com a alternância das/nas temporalida- des, havendo o Tempo CoMKola e o Tempo Casa, conforme detalhamos a seguir: Tempo CoMKola: imersão de segunda-feira pela manhã até quinta- -feira pela manhã. Os pitocos dormem, fazem suas refeições, tomam os ba- nhos, realizam seus ritos de chegança e saidança. Interagem principalmen- te entre si, com os educamores e alguns voluntários que fazem vivências específicas. Circulam no Território nas suas vivências de aprendizagens, onde a teoria-prática dos conhecimentos estudados é uma constante: histó- ria, agroecologia, espiritualidade, ciências da natureza, expressão corporal, música, gastronomia ancestral, brincadeiras e sapequices. Tempo Casa: de quinta-feira pela manhã até segunda-feira pela manhã, os pitocos são acolhidos pelos seus progenitores, irmãos e irmãs, interagindo normalmente na rotina da CoMPaz: participam dos rituais, brincam, jogam, auxiliam nas preces práticas, exercitam a guardiania da CoMPaz. O processo educativo é constante, o tempo todo e todo o tempo: “É preciso uma comu- nidade inteira para educar uma criança” (provérbio africano). Os pitocos são seres que carregam a força da espiritualidade CoMPaz, interagem com as divindades, aprendem a história do seu povo com os seus anciões e anciãs, têm o seu asè de fala e de escuta nos Ipádès e são muito respeitados.
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