Um jeito de ser e viver no kilombo de Mãe Preta
106 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 3 da progenitora (denominação de mãe no kilombo de Mãe Preta) e/ou do progenitor (denominação de pai no kilombo de Mãe Preta) e vai crescendo, crescendo até nascer e ser um potencial de luz e criação na Terra. Temos construído círculos de amorosidade, sonhos, fortalecimento congregando várias pessoas que ouviram o chamado da esperança e do en- cantamento, na qual dialogamos, brincamos, comemoramos e fortalecemos a esperança que precisa ficar viva em cada um de nós. Não somente viva, mas crescendo e gerando sementes, árvores e frutos, para que a continuida- de possa se estabelecer apesar das adversidades que estamos vivendo nesse momento. E como diz a nossa Yabá Ancestral Mãe Preta “Nada justifica a falta de esperança”, então juntos sonhando, criando seremos fortes, seremos re- sistência. Assim nasce a CoMKola, um espaço educativo construído no Ki- lombo de Mãe Preta, tendo como meta ser oficializada para acolher, além de o-madês (crianças) da CoMPaz, o público do entorno. Essa proposta surgiu a partir da constatação de que as Escolas da região não representam os anseios da comunidade quanto à sua proposta educativa. Isso passa des- de a total inobservância da Lei 10.639/03 que institui a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura africana no currículo escolar até a total ig- norância dos princípios e valores civilizatórios africanos e afro-brasileiros, como a circularidade, a territorialidade, a corporeidade, a musicalidade, na pedagogia das escolas onde as crianças e jovens do kilombo estão matri- culados. As crianças e jovens da Comunidade Kilombola Morada da Paz ao cursarem a rede pública de ensino se depararam com uma metodologia de ensino que simplesmente ignora e invisibiliza a História e a Memória Ancestral do povo negro, seus princípios, suas raízes, sua espiritualidade. Figura 29: Puja de Buda Shakyamuni. Acervo Comkola Epé Layiè.
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