31 O LUGAR DO SABER . IDENTIDADE Minha indianidade, Meu caminho na cidade, Meus cabelos longos, Carregam minha identidade. Identidade que represento Com clareza na afirmação, Com orgulho na minha alma, Resisto à negação. Negação de ser indígena E assumir a vida na cidade, No direito de poder vencer, Convivendo com dignidade. Mas o preconceito é vilão, E vem feroz como jaguar, Como flecha acertou o meu ser, E meu cabelo o “branco” me fez cortar. Para conseguir um emprego, Essa dor tive que passar, Cortei não só o cabelo, Mas a magia que nele podia mostrar. A tristeza que sinto agora, É maldade do opressor, Que sabendo da minha luta, Uma ordem me passou: Para trabalhar aqui, O cabelo vai ter que cortar. Mas a minha identidade, Essa ele não conseguiu apagar. Expressa no meu canto, Na minha flauta a tocar, Canto a solidão, Para aldeia quero voltar. Comer caça do mato, Pescar com meu irmão, Cantar na minha língua, Sem ser motivo de gozação.
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