O lugar do saber - Márcia Wayna Kambeba

27 O LUGAR DO SABER O TEMPO DO CLIMA E houve um tempo Onde dançavam as borboletas, Na grama verde pousavam para descansar E ouvir o canto do vento ecoar. Houve um tempo em que o sol Brilhava mais forte, Clareando o caminho com paz e bem, Amadurecia o fruto, Não prejudicava ninguém. Houve um tempo Em que a terra no seu esplendor, Alimentava o mundo com alegria e amor, Dela brotava a planta, tinha respeito e valor. Houve um tempo Em que a lua virava Naiá, E o sol se escondia para essa dama brilhar, Na noite escura ela chamava as encantarias, Protetores da mata, rio e mar. Mas o homem, filho da terra, Que por ela foi moldado, Escravizado na arrogância, Dinheiro, um pecado, Secou o rio, retalhou a terra, Deixou tudo mudado. Espantou os animais, Enganou os encantados, Arrancou a samaumeira, E os pássaros desesperados, Procuraram uma morada, Só viram um descampado. O sol ficou furioso, A pele fez arder, A lua entristecida Num eclipse se escondeu. A água não teve pena De quem dela se esqueceu, Deixou de correr E em uma barragem envelheceu. A inteligência humana Não parou de atacar, A queimada e derrubada Afetaram até o ar, Respirar é um problema, A fumaça não vai parar. O clima foi alterado, Meu rio mudou o rumo, Minha roça secou no verão, Perdi até meu fumo, A aldeia não viu mais peixe. Cadê o pirabutão? A macaxeira não criou raiz, Minha aldeia virou sertão, Da fonte que eu bebia Restou a recordação.·. Sinto cheiro de poluição Envenenando a nação, Para ajudar o clima Precisamos do tempo Só o velho ancião Pode controlar a máquina da destruição.

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