O lugar do saber - Márcia Wayna Kambeba

22 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 1 COCAR: IDENTIDADE OU FANTASIA? O cocar para o indígena não é só adorno, Representa a nação que ele carrega, Cada povo tem sua representação, Que se vê na beleza da confecção. As penas que nele é usado, É coletado com todo cuidado, A lua faz a ave trocar de pena, E o indígena colhe e armazena. Em um cesto tecido com palha, Essa pena é muito bem guardada, Para adorno e flecha é usada, Que embelezará a bela morena. Cocar não é fantasia, É elemento cultural, A pena representa a liberdade, Do ser, da identidade. Como o pássaro que voa aonde quer, O indígena também se vê igual, Na aldeia ou na cidade, Afirma-se sem perder seu ideal. Sejam elas pequenas ou grandes, Tem em si um significado de valor, Com suas penas e grafismos, O indígena mostra que é mestre e doutor. Quando usado pelo povo, O cocar tem valor sem igual, Seu peso está na responsabilidade De levar o conhecimento ancestral. Se usado de qualquer maneira, Sem conhecer o seu real valor, O cocar perde a magia, Aí se torna adereço de fantasia. Não se usa uma pena por usar. O cocar concentra energia Por isso é sagrado e tem magia. Dos mais velhos aprende-se respeitar e zelar. Salve a força do cocar.

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