Tudo está interligado: o rio, a comunidade e a Terra 115 de, mar) e peba (aquilo que é plano e chato) e daí a expressãomar plano . Sua nascente está localizada no município de Cristiano Otoni, região central do estado de Minas Gerais e sua foz fica na represa de Três Marias, município de Felixlândia. O rio Paraopeba possui uma extensão de 546,5 km e sua bacia cobre 12.090 quilômetros quadrados e 35 municípios. Seus principais afluentes são o rio Macaúbas, o rio Betim, o rio Camapuã e o rio Manso. Por outro lado, o rio Paraopeba é um dos principais afluentes do rio São Francisco. Aqui já podemos evidenciar as primeiras pontes que se interligam: rios menores, assumindo a missão consolidadora do Paraopeba que, por sua vez, se fortalece numa nova ponte que o interliga ao grande rio São Francisco. A formação da região de Paraopeba teve como seus primeiros habitantes os índios Kaxixós6 que, segundo dados históricos, foram encontrados pelos bandeirantes em meados do século XVII, durante as expedições em busca do ouro. A partir de então, começaram a ser extintos pela luta do branco na ocupação das terras, em um processo de escravização sem precedentes, tendo como resultado a extinção de muitas nações indígenas. A região denominada “Tabuleiro Grande”, durante 45 anos pertenceu ao Município de Sete Lagoas, até desmembrar-se, elevando-se à categoria de município, por meio da Lei nº 556, de 30 de agosto de 1911. Sua instalação solene deu- -se em 1º de junho de 1912, passando a denominar-se Vila Paraopeba. A partir de 1931 recebeu o nome definitivo de Paraopeba que teve como razão principal o rio que, naquela época, se encontrava livre de qualquer poluição, era fonte de manutenção dos habitantes, que se beneficiavam da pesca e da lavoura. O segundo município que nos ajuda a compreender o que estamos chamando de ponte integradora da natureza com a terra e comunidade é São Joaquim de Bicas, elevado à categoria de município na década de 1990, cuja emancipação política se deu em 10 de fevereiro de 1995, transformado em cidade pela Lei estadual nº 12.030 em 12 de dezembro de 1995. Contudo, ficou sob administração do município de Igarapé até 1º de janeiro de 1997, com a posse do poder Executivo e Legislativo e tendo sua primeira Lei Orgânica promulgada no dia 18 de setembro de 1998. 7 Até aqui podemos afirmar que a história do rio Paraopeba se conecta diretamente com a história das comunidades indígenas. Dessa maneira, dando um salto para frente, temos uma ponte importante que marca a continuidade dessa interligação que é a presença da comunidade Naô Xohã, que na língua maxacali significa “espírito guerreiro”. Trata-se de uma nação composta pela etnia Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe. Conforme relatado no Termo de Ajuste Preliminar Extrajudicial Pataxó8 , o local era habitado por 153 indígenas que formavam 46 núcleos familiares. 6 Disponível em: https://www.paraopeba.mg.gov.br/detalhe-da-materia/info/historia/6502. Acesso em: 9 jun. 2020. 7 Disponível em: https://www.saojoaquimdebicas.mg.gov.br/detalhe-da-materia/info/historia/ 6495. Acesso em: 15 jun. 2020. 8 MPF – TERMO DE AJUSTE PRELIMINAR cujas principais demandas econômicas emergenciais para a comunidade Naô Xohã ficaram ajustadas como um salário mínimo por pessoa adulta;
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