82 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 4 Figura 8: Roda de capoeira na sede do Quilombo dos Machado. Da esquerda para a direita: João Izé no atabaque, Prabu no agogô, Lica no berimbau viola, Gustavo no berimbau médio, Mestre Ratinho no berimbau gunga (Foto: Cássio Henrique Silva da Silva). Durante sua fala, Jamaica apresentou algumas estratégias de resistência: “Precisamos pegar nossas faixas e parar o trânsito novamente em horário de pico para o povo entender a força que temos e a história que temos nesse território, que vêm antes desse supermercado aí”. Nesse momento, sinto um clima de efervescência se propagar através dos olhares que se cruzam e até mesmo na respiração que se altera, contagiando a maioria dos quilombolas na reunião. Ele continua: “Vamos tocar nossos tambores na avenida, com nossas faixas, tocar berimbau, e as crianças fazem um jogo rápido de cinco minutinhos”. Como comenta João Dornelles Ramos (2015), é possível compreender assim tal manifestação: [...] Estas mobilizações também operam a possibilidade de permanência em territórios que foram, de diversas formas, perdidos ou tomados pelo Estado ou por empreendimentos e indivíduos mais poderosos política e economicamente. A reivindicação enquanto quilombola surge na medida em que há possibilidades de reconhecimento por parte do Estado e de outras instituições e grupos, dos territórios onde a resistência à escravidão (a ao pós-escravidão) estabeleceu modos de existência nos quais a cultura e a identidade negra – postas em territórios em conflito, em situações de
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