125 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA percebam a importância de esse corpo cantar, dançar, mas ali eles se sentem em uma energia enorme e, o que brota ali, é a resistência, ali brota o questionamento (Por que não há mais espaços livres para desenvolver a arte e a cultura dentro da sociedade?) O Mestre Môa foi o cara que nos ensinou isso, não falando, mas fazendo. Fez a gente sentir a liberdade no fazer. Depois, sim, dialogando, se entendeu mais ainda o que está se fazendo. Mas o sentir toca lá na alma. Às vezes tu explicas, explicas por palavras e tal e não chega na alma. Mas no fazer, no acontecer, ‘o Afoxé é a fala que faz acontecer o axé na raiz’ é bem isso. É tu sentires aquele momento de vibração, te libertares. Aí depois, bah, me senti tri bem! Quando é que vai ter outro? As pessoas perguntam. Eu quero participar mais, a gente vê as pessoas pedindo mais, então, é isso aí, até um ensaio nosso brota um sentimento disso, tu sais satisfeito do ensaio, tu sais alegre, tu voltas bem pra casa. Não é aquela coisa maçante nem nada, não foi custoso. O Afoxé, não só oAfoxé, a Cultura Popular, o Samba também fazem isso. Porque eles estão ligados a um movimento de resistência, a um movimento de se impor a uma sociedade dominante. Então, a gente entende que o nosso fazer e ensinar em cima da arte é uma proposta de reencontro com a liberdade, enquanto as outras manifestações da sociedade querem cortar esses caminhos. Então nós temos que reforçar esses caminhos. Tu vês um vídeo desses e toda a luta de cada comunidade na Bahia para botar um bloco. Aí é que tá a importância da música do Mestre Môa, ele retrata as passagens do Afoxé dentro da sociedade. Ele traz a linguagem dos Orixás, mas também ele traz uma linguagem de cultura de resistência e ele também fala de amor. Então
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz