A capoeira joga com a dureza da vida

124 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 4 Normalmente, é realizada uma apresentação oral do Mestre Ratinho acerca da importância desse ritual de tradição de matriz africana para o fortalecimento étnico e a resistência popular e pela valorização da ancestralidade negra no Brasil. Acerca da importância e representatividade herdada pelo Grupo Rabo de Arraia através do reconhecimento e apadrinhamento de Mestre Môa do Katendê, e sua participação no museu, Mestre Ratinho relatou: Os orixás! Houve a necessidade de fazer umAfoxé cultural onde o Mestre Môa foi o mestre nisso para que a comunidade de um modo geral, independente de ser afro, independente de ser de terreira, pudesse entender essa manifestação cultural em uma linguagem não tão tradicional, mas numa linguagem pela qual tu pudesses falar da importância da história, da importância da liberdade, onde o ritmo, o canto e principalmente a dança rompem valores cristalizados numa sociedade dominante que quis padronizar o carnaval de uma maneira organizada, aos seus olhos, chamando isso de um carnaval mais civilizado e não tão selvagem e tal, assim como os mais velhos falam. Então, dentro dessa perspectiva, o Candomblé, ele está presente sim na manifestação do Afoxé enquanto cultural, de uma maneira muito sutil, de uma maneira mais lúdica, mais de vadiação, na linguagem popular. Acho que o lúdico e a vadiação ocupam espaço no tempo livre que não o tempo de trabalho, não é o tempo de estar com a família, mas é o tempo livre onde, através da vadiação, tu tens um sentimento de liberdade. Então essa é a grande lição de sair à rua cantando Afoxé por duas, três horas, levando multidões no sentir essa manifestação de liberdade aí, como fala Gilberto Gil, ela vira uma meditação de rua, mesmo que as pessoas não

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