A capoeira joga com a dureza da vida

121 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA rompe o silêncio em tom de desabafo: “[...] vivemos em um país construído pela mentira. O Hino Nacional é uma mentira. AAbolição da Escravatura é uma mentira. O Hino do Rio Grande do Sul é uma mentira. AConstituição é uma mentira [...] (Mestre Ratinho). Em conversa com o Contramestre Jean Sarará, ele expõe muito do que Mestre Môa despertava na comunidade angoleira de Porto Alegre: O Mestre Môa há anos se reunia pelo menos uma vez por ano, fazendo um grande cortejo que a galera se concentrava ali nos arcos da Redenção, depois começou a se concentrar ali no Chafariz e o Mestre também participou das rodas. O Mestre Môa nos falava sobre política, sobre religião, e falava de uma forma super compreensiva, nunca ofensiva. Falava com firmeza e ao mesmo tempo de uma forma doce e nos ensinava que nós tinha que lutar e a gente percebia que o mestre nos influenciava a lutar de uma forma sutil muito estratégica mesmo consciente daquilo que ele queria atingir. Aí o afoxé na rua, ele é a resistência de tudo isso. A gente sabe que a religião, ela já foi perseguida por muitos anos. E no momento que a gente sai com os atabaques, que são um símbolo forte da religião, com batas, cantando e fazendo referências aos orixás, é um manifesto com muita força. O afoxé ele tem que tá na rua e principalmente aqui em PortoAlegre com o Mestre Ratinho na frente, hoje a gente percebe que a turma do Rabo de Arraia, acho isso muito bonito porque esse legado era do cotidiano do Rabo de Arraia. Eu fui muitas vezes em cursos do Mestre Môa que só estava o pessoal do Rabo de Arraia. Então o Rabo de Arraia eu percebi que estava valorizando um conhecedor de várias coisas:

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