116 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 4 Sobre o conflito com os vizinhos, Cássio Tambor lamenta: “Diziam que meu trabalho era maligno e macabro”. No intuito de realizar seu trabalho de artesão com tranquilidade, decidiu mudar seu local de produção: Então, encontrei abrigo para produzir meu trabalho no Barracão dos Tapuias. Uma Tribo de Carnaval de Porto Alegre que conheço desde pequeno porque meu pai era ‘jogador de osso’ e frequentava o barracão onde acontecia muitos jogos. Passavam muitos malandros por ali.37 O antropólogo Marcelo Silva (2017) faz menção às Tribos Carnavalescas de Porto Alegre: [...] As Tribos já estiveram em número muito maior, porém foram sendo paulatinamente excluídas do carnaval onde passou-se a apoiar com verbas para os desfiles somente as escolas de samba, ao mesmo tempo em que as administrações das entidades (das Tribos) começaram a adquirir dívidas em função da falta de apoio para a construção dos desfiles, o que acabou causando seu quase extermínio (SILVA, 2017, p. 77). A Tribo Carnavalesca dos Tapuias, segundo o nosso interlocutor artista, foi o espaço que lhe permitiu desenvolver sua arte e sua capoeira: Aí, pensei em visitar os Tapuias e pedi um espaço para fazer meus tambores, então o presidente na época me concedeu uma peça. Então eu conheci alguns artistas e intelectuais negros. Ajudei na construção de carros alegóricos até na Escola Imperadores do Samba. Através deles, conheci a Frente Negra de Artes Plásticas. Os caras me apadrinharam e eu comecei a expor com eles. Na época do FSM eu saía da exposição e ia para o centro fazer o Samba de Roda com o Mestre 37 Entrevista gravada com Cássio Tambor.
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