102 SÉRIE SABERES TRADICIONAIS – VOL. 4 bram da gente nas eleições. Aí eles entram dentro do quilombo, lembram daquele favelado que não tem hoje o que comer e aí compram a gente com uma cesta básica. Então, quilombo, periferia, para eles é lixo. E a capoeira dá resistência, força, luta. Mostra que temos união, que podemos sim lutar pela nossa moradia.Acapoeira me disse que eu era mais eu. Ela me modificou da cabeça aos pés. De dentro pra fora e fora pra dentro. Ela modifica!29 A fim de reforçar a modificação e o fortalecimento presente no depoimento de Luciana, lembro que Nilma Lino Gomes também nos contempla em seu trabalho: [...] Na medida em que se afirmam sujeitos de história, conhecimento e culturas, as negras e os negros afirmam e reafirmam outras formas alternativas de ser humanos, sujeitos de direitos e de conhecimento ainda não reconhecidos pelas concepções hegemônicas de humanidade, cidadania e ciência” (GOMES, 2017, p. 91). Para Vere: Eu fui procurar o Caçapa porque o Rafael estava apresentando problemas na escola desde quando começou no Jardim. Me chamaram na escola, ele sempre teve personalidade forte. Como ele é filho único, tudo é no momento que ele quer. Aí, quando chegou no Colégio Liberato, não é assim, por que tem um monte de crianças, e então desde o início já me chamaram. O Rafael é isso, o Rafael é aquilo, e aí conversa, castigo e sempre a mesma coisa. No Jardim A (crianças de 5 anos) piorou, porque ele não tem paciência com crianças menores que ele e não aceitava que o professor desse atenção para os outros, e com essas birras todas ele sempre está um ano atrás do que ele deveria. As birras que as crianças fazem com 4 anos ele fazia com 6 anos. Aí ele começou 29 Entrevista gravada com Luciana.
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