101 A CAPOEIRA JOGA COM A DUREZA DA VIDA Luciana prossegue, afirmando: E nem eu mesma sabia, mesmo sendo da família. Capoeira não é só brincar e pular um pra cá e um pra lá. Não é só isso, trabalha todo o emocional, todo o físico, é tudo. Foi muito bom ele se aproximar do Caçapa. O meu filho não abraçava homem. Ele começou a abraçar o Caçapa, ele começou a abraçar o Jamaica, ele queria um carinho de pai. Eu agradeci o Caçapa e o Jamaica, muito obrigado por vocês dois representarem o papel de pai para o meu filho. Isso veio com a capoeira, mesmo o Caçapa e o Jamaica cobrando dele, e vem e abraça eles, esse o papel. No colégio ele vai mais para brincar, mas teve uma situação no colégio e o Caçapa ficou quase duas horas conversando com ele aqui e ele mudou. Após a conversa ele chegou e me disse: “Mãe, a partir de hoje eu vou mudar”. Ele está crescendo, ele está evoluindo com a capoeira. Ele limpa a casa, estende roupa, ele me leva na parada de ônibus. Eu, antes de entrar na capoeira, eu não acreditava em mim, eu me sentia um lixo, eu disse isso para o Caçapa. Na capoeira, eu vi pessoas acreditando em mim, pessoas me incentivando, pessoas me levantando. Eu era tratada como coitadinha e isso eu não queria mais para a minha vida. E na capoeira eu ouvia ‘tu pode’ e hoje eu posso. Com a capoeira eu posso tudo. Modificou no meu corpo e isso que me levantou. Quando eu era criança eu fazia com o Rodrigo lá no CECOVE, eu e meus irmãos, só que a gente levava na brincadeira. Por ser criança, aquela coisa toda. Depois, cada um foi para o seu lado, mas eu conheço desde criança, e ao ver meu filho, a vontade dele de estar ali foi o que também me levou a estar. Até minha visão da política mudou. Porque só se lem-
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