Haikaizando a cidade
Sheila Katiane Staudt 8 Haïku – fica certamente mais difícil e desafia- dor. Trabalhar, em sala de aula, uma poesia de origem japonesa, datada do século XVII, pas- sa, então, a ser instigante pela pesquisa que o objeto requer. Os poemas de apenas três ver- sos, sem rimas e sem título parecem facilitar a vida dessa nova geração hightech avessa aos textões. Entretanto, dizer tudo em poucas pa- lavras demanda habilidade e um alto poder de concisão, ainda mais se preservarmos a sílaba métrica 5-7-5 de sua concepção. A produção literária no ambiente escolar permite desenvolver a criatividade e a intimidade com a língua materna dos es- tudantes. Desse modo, a produção da poesia sintética em sala de aula atrai os olhares e inte- resses dos alunos conectados com a velocidade moderna e, ao mesmo tempo, com diferentes culturas com o advento da internet, uma vez que o “ haijin (quem escreve haicais)” consegue “capturar um instante, sem explicações, sem conclusões e sem memória. Um instantâneo” 4 . A semelhança do gênero crônica ou de um poema Haikai com a arte fotográfica, ao regis- trarem um momento ou um recorte da reali- dade, está em sintonia com as atitudes disse- minadas no século XXI principalmente através 4 CALCANHOTO, Adriana (org.). Haicai do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014. p. 9.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz