63 Unidades de análise, jogos de escalas e a historiografia da escravidão no capitalismo importante da história recente, o encolhimento do globo durante a expansão do capitalismo”. Referências rápidas aos “fatores internos”, por um lado, ou ao “mundo moderno” e à “sociedade mais ampla”, por outro, eram insuficientes. Era necessária uma “metodologia para o estudo de particularidades como fontes de mudanças por si mesmas, constantemente reagindo, mas também afetando, com frequência de maneiras inesperadas, pressões e impulsos externos”. Em vez de rejeitar a ideia de um sistema mundial, o objetivo de Trouillot era aperfeiçoar o modelo, de modo a incluir esse movimento dialético entre os diferentes níveis do sistema. Como o autor evidencia, não faz sentido estabelecer uma dicotomia entre situações “internas” e “externas”, conforme procedeu parte significativa das Ciências Sociais até os dias atuais. Sua conclusão foi certeira: um olhar para as particularidades do ponto de vista do sistema-mundo leva a uma progressão – um “efeito de zoom”, poderíamos dizer – que oferece perspectiva à imagem final ao incluir iniciativas locais e respostas locais, e o contra-efeito dessas particularidades no sistema como um todo. Tal procedimento parece evitar o mecanismo homogeneizador, com frequência implícito nos estudos de dependência, assim como a impermanência e miopia do rumo empiricista (Trouillot, 1982, p. 382-383). A preocupação com escalas e as dinâmicas entre as partes e o todo ocupava, portanto, posição central nas interrogações desses pesquisadores, não raro envolvendo um diálogo crítico também com alguns dos trabalhos que inspiraram vertentes da Micro-História, como os de Fredrik Barth (Trouillot, 1984, p. 53). Em princípios dos anos 1990, Philip McMichael sistematizou essas preocupações e ofereceu um modelo, que denominou de “comparação integrada” ( incorporated comparison ). A diversidade de casos locais, no modelo de Wallerstein, de acordo com McMichael, seria exemplo de dinâmicas sistêmicas e, dessa forma, o todo estaria dado de antemão. Em vez disso, a análise deveria evitar a reificação das “partes” ou do “todo”. As diferentes instâncias não seriam independentes entre si, tampouco a expressão de um todo pré-concebido: “elas expressam, constituem e modificam o todo que emergiu com e por meio das partes, sem privilegiar qualquer um dos dois níveis. Nessa operação, a totalidade é um procedimento conceitual, e não uma premissa, precisamente porque a conceitualização das instâncias ou unidades comparadas é relacional” (McMichael, 1990, p. 359). Um dos exemplos de
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz