289 Para uma nova dimensão dos estudos sobre a história da escravidão: diálogos entre a Segunda Escravidão e a Micro-História arquivos traria sérios obstáculos à Micro-História produzida no Brasil, impedida que estaria de rastrear pessoas e recompor experiências sociais. Esta seria “feia, tapuia, diferente da italiana. (Fragoso, 2002, p. 63) Voltando ao autor em tela, Silva Júnior afasta-se da dicotomia que insistiu em observar entre a perspectiva de segunda escravidão e a historiografia brasileira dos anos 1990 e recupera a relevância do conceito macro, retomando sua questão inicial e defendendo o tributo das outras formas de escravidão no Brasil oitocentista à lógica global - vinculada à segunda escravidão. Realça que em uma mesma ordem socioeconômica coexistiam diferentes práticas, distintas formas de reprodução do capital e de exploração escravista. Até aí seu argumento é bom. No entanto, seu ponto de chegada é a via de mão-dupla entre as abordagens da segunda escravidão e as abordagens de redução de escala, ou a reconstrução analítica do todo por meio das partes, o que me oponho mais uma vez. Procedimentos microanalíticos não geram os mesmos resultados do método indutivo ou, por outras palavras, a dimensão micro não possui nenhum privilégio em relação ao macro. Como bem considerou Revel, é a variação de escala que enriquece a interpretação (Revel, 1998, p. 12-13). O segundo ensaio crítico de Mariana Muaze insere outras questões no debate e avança um pouco mais, mesmo que sua opção ainda se mantenha no âmbito da discussão especificamente metodológica. Logo no início de seu texto, a autora se posiciona quanto ao debate, realçando uma certa incompatibilidade epistemológica entre a perspectiva da segunda escravidão e a microanálise. Para ela, desde que se jogue com múltiplas escalas do objeto e se reflita sobre processos históricos mais amplos, é possível captar as relações entre estrutura e experiência. Em suas palavras, entre “constrições estruturais e singularidades individuais, entre temporalidades lentas e ações cotidianas”. Para aprofundar mais o debate, Muaze realiza uma série de questionamentos, exercitando múltiplas possibilidades de interação entre as duas perspectivas. Como mesmo a autora sustenta, as questões levantadas soam mais como provocações, cujas respostas dependem de muitas pesquisas e exercícios metodológicos, do que apontam como pontes e interações entre as duas perspectivas. Em seguida, a autora aprofunda a discussão historiográfica sobre a segunda escravidão, realizando um excelente exame das origens e evolução do conceito. O mesmo faz em seguida com relação à micro história, desvendando sua trajetória na Itália e Brasil e em busca de uma arqueologia do conceito, a autora perpassa pelos trabalhos que mais res-
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