Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Sandoval Alves Rocha 92 sável por cerca de 10% do consumo global de água. Barbosa (2014) salienta, no entanto, que tais valores podem variar de país para país, dependendo da densidade populacional e das atividades econômicas. Por exemplo, uma re- gião mais agrícola, exportadora de commodities , consome mais água do que uma região com economia baseada em modernas tecnologias industriais. Sendo base para a realização de tantas atividades fundamentais na so- ciedade moderna, a questão da escassez da água (quantidade e qualidade) é vista com grande preocupação, principalmente em lugares onde sua presen- ça é reduzida. Em escala global, é possível afirmar que pelo menos 80 países já vivem o problema da escassez de água; portanto, países detentores deste recurso poderão usá-la como estratégia de negociação (BARBOSA; BAR- RETO, 2008). Devido ao seu grande valor (econômico, social, ambiental e cultural), a água é motivo de conflitos entre países diferentes ou entre regiões do mesmo país que buscam assegurar a sua posse ou controle. Por possuir 12% da água doce do planeta, o Brasil encontra-se numa posição privilegiada em relação a outros países. 2 Para alguns autores, o Brasil tem uma considerável responsabilidade social e econômica, destacando-se por seu grande potencial exportador de água. A este respeito, Barbosa e Bar- reto (2008) salientam que esta função pode se dar, tanto a partir do compar- tilhamento de bacias hidrográficas com outros países, quanto pela produção e exportação de soja, carne, cítricos, grãos em geral e nas quantidades de água incorporadas a esses produtos, a água virtual. A visão da água como commodity implica atribuir-lhe um valor eco- nômico, característica sinalizada na Declaração de Dublin, a Segunda Con- ferência sobre Água e Meio Ambiente, que foi organizada pela ONU e rea- lizada na Irlanda, em janeiro de 1992. Tal visão é defendida pelas grandes empresas do setor de saneamento básico, pelas corporações transnacionais, que dependem da água para continuar os seus negócios e pelas instituições financeiras, que operam nas bolsas de valores. Sob esta perspectiva, a água é um produto do mercado, podendo ser controlada e gerida pela iniciativa privada. Fonseca (2011) explica que a tarifação ou definição de preço a ser cobrada pelo uso, parte do pressuposto de que, por ser um bem útil e escas- so, a água não pode ser um custo zero e que a cobrança estimula a redução 2 Fonseca (2011) relaciona as bacias hidrográficas brasileiras com seus respectivos percentuais, mostrando a abundância dos recursos hídricos no nosso país: Amazonas: 45,4%; Tocantins-A- raguaia: 11,4%; Paraguai: 4,2%; Paraná: 10,3%; Uruguai: 2,1%; Atlântico Sul: 2,2%; Atlântico Sudeste: 2,7%; Atlântico Leste: 4,4%; Atlântico Nordeste Ocidental: 3,4%; Atlântico Nordeste Oriental: 3,0%; São Francisco: 6,9% e Parnaíba: 3,6%.
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