Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Sandoval Alves Rocha 90 grande quantidade de água. Em determinadas condições climáticas, esse va- por d’água volta ao estado líquido e cai sobre a terra, na forma de chuva. Parte da água da chuva penetra no solo, enquanto outra parte escoa pela superfície e se junta aos rios, que segue seu curso para mais uma vez se juntar ao mar. A partir daí, o ciclo se reinicia (CASARIN; SANTOS, 2011, p. 15). O ciclo hidrológico é especialmente relevante para manter a estabilida- de térmica do mundo, ajudando a resfriar o planeta e propiciando condições para a vida na Terra. Este movimento de transformação e renovação da água em seus diferentes estágios – sólido, líquido e gasoso – não parou, desde a formação do planeta, há 3,7 bilhões de anos. Whately e Campanili (2016) confirmam esta visão assegurando que a quantidade total de água existente na Terra é de 1.386 milhões de quilômetros cúbicos e tem se manifestado razoavelmente constante durante os últimos 500 milhões de anos. Dessa forma, a água que rega os nossos pomares e que usamos em nossas atividades cotidianas já foi usada e reciclada milhares de vezes pela natureza através do ciclo hidrológico. Trata-se da mesma água que os nossos antepassados usaram. Importa notar ainda que a água é solvente universal capaz de dissolver praticamente todos os solutos conhecidos, permitir a absorção de nutrien- tes pelas plantas, animais, populações humanas e riquezas, garantindo sua fixação em distintos ambientes. Barbosa e Barreto (2008) salientam essa capacidade singular da água, afirmando que ela funciona como elemento comum e de ligação entre praticamente todos os componentes da natureza, do microcosmo ao macrocosmo: elementos químicos, moléculas orgânicas, organismos, populações, comunidades, ecossistemas e biomas. De fato, esta característica única de ser um elemento comum a todas as coisas, capaz de pôr em contato diferentes organismos e processos confirma a sua especial importância no surgimento da vida. Tendo em vista as condições peculiares para o surgimento da água líquida, os estudos demonstram que a sua presença, assim como as condi- ções de vida semelhantes às nossas no Universo ainda são muito remotas. Tais condições colocam em evidência um importante princípio da ecologia, que é resgatado por Barbosa e Barreto (2008): “mais importante que quan- tidades dos distintos elementos da natureza, sua taxa de disponibilidade, utilização e trocas são os verdadeiros elementos-chave a governar e conduzir os processos físicos, químicos e biológicos da natureza”. Por outro lado, tais condições peculiares ampliam a nossa responsabilidade ambiental, tornando necessário realizar um uso cada vez mais inteligente da água disponível no

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