Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Questionamentos aos grandes empreendimentos na Amazônia na perspectiva da Ecologia Integral... 75 (ZACARDI; PONTE , 2018); para mostrar a falta de competência científica e técnica dos estudos de impacto ambiental – EIA, que levam a destroçar o meio ambiente e detonar as comunidades humanas, por não apresentar os “impactos cumulativos” dos empreendimentos como, por exemplo, as consequências da construção das inúmeras barragens nos rios Tapajós e seus tributários Teles Peres e Juruena e da bacia amazônica (ANGELO, 2017). O desconhecimento de informações básicas sobre o lugar em que se vai levar a cabo um grande empreendimento é algo grave, como está evi- denciado no exemplo aqui referido, o EIA-Rima do Porto da EMBRAPS ignorando estudos sobre Lago do Maicá, sobre hidrografia do lugar, a sua história arqueológica, o histórico do percurso do rio nesse lugar etc. Os movimentos sociais têm que lidar com a falta de transparência, as manipulações e enganos impingidos às comunidades onde se vão implantar os grandes projetos, e tudo para conseguir o acordo das comunidades nas audiências públicas. Por exemplo, os “comitês de fachada” criados para se pronunciarem em favor do empreendimento, o porto de combustíveis da ATEMS em Santarém em 2020; no porto das Lajes onde os organizadores do empreendimento do porto as LAJES em Manaus em 2010 chegaram a oferecer cestas básicas para obter o apoio dos pobres da comunidade e amea- çar as lideranças religiosas e da comunidade porque se opunham à constru- ção do porto; e no Porto da EMBRAPS a cooptação de lideranças oferecen- do telhas e cimento para os comitês criados para se contrapor às associações opostas ao empreendimento. A forma como se tomam e impõem as decisões se caracteriza por: – falta de transparência com a sociedade; – não tem presente as condições ambientais, as histórias e sentidos de vida das populações locais; – não re- conhece os direitos das populações locais a seus territórios comunitários; – favorece a privatização de patrimônios físicos, biológicos, territoriais, no meio de populações “subjugadas” e “dominadas” com ideologias e práticas de colonialismo e de escravidão. Tudo isto leva também a cometer erros que colocam em perigo o mesmo empreendimento ou causam desarranjos e conflitos que poderiam ser evitados. As atitudes com que são realizados os grandes projetos obedecem às se- guintes características: – a falta de respeito no uso do “recurso” água, solo, ar; – o desperdício e descarte de materiais presentes no ambiente do projeto; – a irresponsabilidade no uso de um “recurso” que é frágil e finito devido à sensação de abundância presente e de prepotência lucrativa; – a falta de conhe- cimento, reconhecimento e respeito dos direitos da natureza, que leva a tratar
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