Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Guillermo Antonio Cardona Grisales 74 poder abrir caminhos à construção desta nova forma de ação humana. Po- dem-se mencionar aqueles que vão incidir de uma forma fundamental. Toda intervenção estatal e privada desenvolvimentista na Amazônia está marcada por uma ideologia colonialista e escravista, como já foi tra- tado, que se pratica com todo o instrumental de dominação que vai desde o desprezo do local à grilagem, à apropriação indevida, até à intimidação, ameaça, êxodo forçado e/ou morte. Outro assunto problemático é a ideologia desenvolvimentista que sustenta todos os grandes projetos e opera nos diversos poderes públicos, até voltar-se como uma política de estado. Todos os governos, desde o pe- ríodo da ditadura militar-empresarial até depois da Constituição de 1988, têm levado a política estatal de explorar e aproveitar as riquezas da Ama- zônia, sem explorar de verdade caminhos que convivam com a floresta em pé, como por exemplo, um Centro de Biotecnologia em Manaus que nunca funcionou. Outro grande problema está relacionado com os Estudos de Impacto Ambiental e os Relatórios de Impacto Ambiental, EIA-Rima, exigidos aos grandes projetos. Estes são pedidos e pagos pelos empreendedores, o que os condicionam, em grande medida, com limitações e dificuldades para deter- minar o que vai ser afetado e a forma como vai ser afetado. A visão específica de quem faz um determinado estudo que supõe uma visão de conjunto, interconectada e não fragmentada, desde a sua especialidade científica, para entender a forma como funciona e como essa realidade será afetada pelo grande empreendimento, fica limitada. A dificuldade para trabalhar com variáveis de interrelação do conhecimento específico com outras realidades que serão afetadas pelo empreendimento, e de aspecto que fazem parte do objeto específico. Por exemplo, o mundo que se move ao redor da pesca não é só o recurso pesqueiro, mas a expertise para compreender o comportamen- to do peixe e o mundo cultural, de cosmovisão, de relações etc. Os pesquisadores e membros de centros acadêmicos que simpatizam com a ideologia desenvolvimentista, que dão suporte acadêmico à elabora- ção dos Estudos de Impacto Ambiental, EIA, a partir de ciências que têm visão fragmentada da realidade e sem expertise para estudar os impactos que o empreendimento vai ocasionar e para produzir estudos técnicos críticos. Estes estudos técnicos científicos são necessários para desvelar as incon- sistências, manipulações e vazios dos Estudos de Impacto Ambiental, EIA, acomodados à vontade do empreendedor. Por exemplo, a demonstração em seminário acadêmico, que o Lago do Maicá sim é um berçário de peixes
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