Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Guillermo Antonio Cardona Grisales 72 ONGs, povos indígenas e comunidades tradicionais em prol da defesa de seus territórios, povos e culturas (ALMEIDA; MARÍN; LÓPEZ , 2020), de resistência contra a implantação dos grandes projetos, e de promoção da agroecologia, agricultura familiar, pesca artesanal e agroextrativismo. 4.2 Um bloco de poder a contramão da ecologia integral Precisa-se ter presente que o projeto dominante na Amazônia é do agroextrativismo predador e exportador, que se impõe mediante: as prá- ticas da “ideologia de desenvolvimento” (GIUSTINA, 2020), as vias de fato, desconhecendo os estatutos legais, usando os meios ilegais, das amea- ças e da violência física. Executado por um bloco de poder que conta com todos os meios para dominar: todos os órgãos do estado, as empresas estatais, mistas e privadas, grande mídia. Este bloco de poder nega e com- bate de fato os princípios de uma ecologia integral, de um modo de vida do “bem viver dos povos tradicionais, a quem despreza, e de uma justiça socioambiental, pois perpetua uma sociedade e cultura escravocrata. As práticas que levam à degradação e à destruição da Amazônia são inúmeras e estão em andamento de forma acelerada desde os anos 1960. “Desmatamento, pecuária e extração ‘legal’ e ilegal de madeira estão entre as causas do número recorde de focos de incêndio na maior floresta tropical do mundo. As queimadas que destroem a Amazônia e chamam atenção mun- dial são apenas a face mais visível da exploração da maior floresta tropical do mundo. Por trás da derrubada da mata e do fogo estão poderosos interesses econômicos: a criação de gado, o comércio ilegal de madeira e a produção de soja” (MAGALHÃES et al., 2019). A isto se soma toda a exploração mineral “legal” e ilegal a base de mercúrio e outros materiais contaminantes (IBASE, 2014; ARAGÃO, 2020), a construção de numerosas hidrelétricas de grande porte, e as obras de infraestrutura de rodovias, portos, aeroportos. E tem outra destruição da Amazônia que vai além do desmatamento, que é a degradação que sofre. Degradação é o fenômeno que acontece quando o acúmulo de per- turbações em um trecho de floresta (incêndios, extração de madeira e caça descontrolada, por exemplo) retira daquele ecossistema sua capacidade de funcionar normalmente (NOBRE et al. apud COSTA , 2020).

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