Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Guillermo Antonio Cardona Grisales 66 3. A teoria Gaia como forma de entender a conectividade entre as realidades que no planeta Terra tem a ver com a Vida: contribuição à ecologia integral O cientista inglês James Lovelock, em 1965, deu início ao que cha- mou de Hipótese Gaia, junto com a filósofa Dian Hitchcock (TAVARES et al ., 2009, p. 73-108). Segundo descreve Gonçalves (2010): ... o pesquisador intuiu que a atmosfera em aparente desequilíbrio da Terra resultaria da ação dos seres vivos para mantê-la nas condições mais adequadas à sua sobrevivência. Brotava a Hipótese de Gaia. Tida como fantasiosa, ‘New Age’, nos anos 70 e 80, a ideia de Gaia sofreu violenta oposição por cientistas da terra e da vida (em especial os neo- darwinistas); entretanto contou com o apoio da bióloga norte-america- na Lynn Margulis, que a enriqueceu com seus estudos sobre a evolução dos micro-organismos (GONÇALVES, 2010, p. 63). Conforme relata Gonçalves (2010), Lovelock reformulou a Hipótese Gaia: Ao aceitar parte das críticas, Lovelock reformulou sua hipótese: conside- rou o planeta inteiro como autorregulador, não apenas seus seres vivos. Em 2001, uma comissão científica reunida em Amsterdã reconheceu a capacidade de autorregulação do planeta Terra: uma aceitação parcial da agora Teoria de Gaia, que defende a integração entre os organismos que habitam a Terra e o seu meio físico e químico na manutenção do equilíbrio do superorganismo Gaia (GONÇALVES, 2010, p. 63). ... a atmosfera terrestre é constituída por 79% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 0,03% de dióxido de carbono, além de outros gases em pro- porções ínfimas, existindo conjuntamente na atmosfera gases altamente reativos, como o oxigênio e o metano, e gases de fácil decomposição, como o óxido nítrico (NO), com suas concentrações sendo mantidas há um longo período de tempo (LOVELOCK, 1991). Mas como es- sas condições improváveis vêm sendo mantidas há tanto tempo? Uma explicação plausível para a manutenção de uma condição tão instável na atmosfera terrestre por períodos de tempo tão longos reside na in- fluência da própria vida sobre o planeta (TAVARES et al ., 2009, p. 76). A estabilidade da temperatura do planeta Terra também chamou a aten- ção de Lovelock, na medida em que, enquanto estudos astronômicos mostram que a luminosidade do sol sofreu um aumento de 25% desde o surgimento da vida, a temperatura da Terra não sofreu alteração signi- ficativa pelo menos nos últimos 3,3 bilhões de anos (idem). Mesmo nos
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