Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Questionamentos aos grandes empreendimentos na Amazônia na perspectiva da Ecologia Integral... 65 E o professor Manfredo Oliveira conclui que, para recuperar essa visão totalizante, a filosofia tem de ser sistemática, isto é, preocupar-se com a conectividade dos saberes, pensar o que a ética tem a ver com a metafísica, o que tem a ver a antropologia com a ética e com a filosofia da natureza (OLIVEIRA apud FACHIN, 2015, p. 34). Foi trazida esta reflexão sobre a problemática da realidade das coisas para entender a ecologia integral como paradigma, e ver a fundamentação que devem ter os estudos de impactos socioambientais dos empreendimen- tos “produtivos”, que se realizam com o auxílio das ciências, a fim de dar licença aos projetos que afetam o meio ambiente e os povos e comunidades, especialmente na Amazônia, objeto deste artigo, para confrontar os estudos fragmentados, desconexos e que buscam só justificar o empreendimento. Antes desta função socioeconômica das ciências, está a mesma fundamen- tação de seus objetos e metodologias. Por falta de ferramentas conceptuais e metodológicas adequadas resultam projetos elaborados sem expertise para segurar a qualidade do empreendimento e para dar um parecer sobre seus impactos no meio ambiente e nas populações. A finalidade de considerar a fundamentação das ciências, a relação entre o Ser e o pensar e a compreensão de uma filosofia sistemática que pensa co- nectividades fundamentais em todas as coisas e em última instância descobre uma esfera que liga todas as esferas, a conexão das conexões, é colocar as bases da conectividade das realidades junto à compreensão das mesmas ciências. Desta compreensão filosófica do conhecimento da realidade devem surgir propostas básicas para a elaboração de cursos universitários, baseados no paradigma da ecologia integral. Não seria por demais considerar, nesta visão integral da vida, o “Bem Viver”. Gudynas diz a respeito: O Bem Viver, enquanto conceito plural e em construção, discorre no campo dos debates teóricos, mas também avança nas práticas, quer se- jam naquelas dos povos indígenas e nos movimentos sociais, como na construção política, dando seus primeiros passos nas recentes consti- tuições da Bolívia e do Equador. Para além da diversidade de posturas no interior do Bem Viver, aparecem elementos unificadores chaves, tais como: o questionamento ao desenvolvimento entendido como progres- so ou a reivindicação de outra relação com a Natureza. O Bem Viver não é, portanto, um desenvolvimento alternativo, mas dentro de uma longa lista de opções, mas se apresenta como uma alternativa a todas essas posturas (GUDYNAS; ACOSTA, 2012, p. 2).

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