Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Guillermo Antonio Cardona Grisales 64 que os filósofos norte-americanos também têm, que é superar o gap en- tre teoria e mundo, linguagem e realidade. Essa é a questão fundamen- tal do pensamento contemporâneo. Mas os filósofos não conseguiram ir adiante’ (OLIVEIRA apud FACHIN, 2015, p. 34). Para poder entender esta interpretação de Manfredo, serve colocar a forma como ele vê a relação da filosofia com as ciências e outros saberes: Se você distingue a filosofia da ciência, você diria que a filosofia teria como tarefa se preocupar com aquilo que são as estruturas universais pre- sentes em todos os campos da realidade, ou seja, na esfera do físico, do biológico etc. Mas existe ainda uma outra dimensão do conhecimento, que é se perguntar quais são as estruturas específicas de determinados campos, ou seja, o que é o orgânico?... No meio dessas duas esferas tem uma dimensão intermediária que é filosófica, que consiste em pegar todas as informações do que são as dimensões particulares e pensá-las a partir das estruturas universais. Isso é a nova versão das metafísicas especiais do passado (OLIVEIRA apud FACHIN, 2015, p. 30). Existem, pois, três campos do saber: Então, temos três grandes campos de saber: as ciências de ummodo geral, que têm como tarefa tematizar as estruturas específicas e particulares de todos os campos da realidade; tem a filosofia que em última instância é metafísica, pensando as estruturas universais; e tem, por fim, aquilo que fica no meio, que são as ontologias especiais, que são metafísicas, mas que pegam o trabalho das ciências e pensam isso a partir das estruturas univer- sais. Nesse sentido, a ciência não só explica os fatos, como Wittgenstein diz, mas explica o que as coisas são nas suas particularidades, quais são os constitutivos específicos das coisas. Portanto, é uma tarefa muito maior para as ciências (OLIVEIRA apud FACHIN, 2015, p. 30). Quando o papa diz que tudo tem a ver com tudo, tudo está relaciona- do com tudo, ele não está dizendo simplesmente que é possível haver uma cooperação entre as ciências, mas que há uma visão ontológica que diz que tudo está relacionado com tudo, uma conectividade universal de tudo com tudo. Isso porque tudo tem um mesmo esquema funda- mental, pode ser considerado com uma categoria metafísica única e fundamental que pensa todas as coisas e ao mesmo tempo a diversidade imensa de todas as coisas, porque essa realidade se realiza de maneiras diferentes, como estava dizendo antes, nas diversas esferas. O problema que Hegel punha, de pensar a identidade e a diferença, é o problema central da metafísica hoje (OLIVEIRA apud FACHIN, 2015, p. 33).
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