Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Dimas Floriani e Nicolas Floriani 54 A metodologia de pesquisa em questão tem como ponto de parti- da as reuniões entre pesquisadores e atores locais, como leitura prévia (pré- -diagnóstico) dos problemas gerais que acometem as comunidades rurais: de uma maneira geral, na maioria dos territórios tradicionais envolvidos são relatadas deficiências e/ou inexistências em serviços básicos de saúde, educação, assistência técnica, assim como problemas de ordem interna aos sistemas, que repercutem na desestruturação do tecido social (o individua- lismo, a restrição ao acesso aos bens naturais, entre outros). Para que a produção de autonomias de sistemas socioterritoriais possa ser agenciada por meio da mobilização de capacidades e recur- sos internos, foram criadas cinco classes de referência desses recursos: Organização Comunitária (O. C.); Acesso aos Direitos Básicos (D. B.); Inserção no Mercado (I. M.); Produção/Conservação Ecológica (P. C. E); Reafirmação de Identidades (R. I.) –, considerando que essas capa- cidades podem ser potencializadas por arranjos cooperativos com outros sistemas, assumindo formas híbridas de organização; ou ainda, que essas capacidades e recursos mobilizados podem ser limitados por interações negativas com os sistemas hegemônicos (ex. agronegócio transnacional do fumo ou do reflorestamento), produzindo sistemas de borda mar- ginalizados, altamente dependentes. Cabe então destacar a necessidade de fatores de ponderação que indiquem a promoção de autonomia ou então de dependência, por refletirem a importância das associações como vetores de propriedades emergentes (positivas ou negativas) em sistemas complexos. Observamos que o desenho da metodologia para avaliar a capa- cidade de mobilização de recursos, por parte das comunidades locais tra- dicionais, trouxe significativos subsídios para testar as estratégias adotadas pelos diversos atores envolvidos com a proposta desenvolvida pelos atores coletivos em torno do Projeto UNItinerante. Com a apresentação de uma série de indicadores aplicados a quatro comunidades previamente avaliadas, e distribuídos em dois tempos (tem- po 1, no início da territorialização do projeto e, tempo 2, ao final do pro- jeto, quando da constituição de redes ou arranjos institucionais), foi possí- vel visualizar um conjunto de resultados que indicam situações específicas para cada uma delas, mas também comuns a todas. Esses indicadores permitem validar em grande medida o desenho proposto para medir o grau de autonomia socioambiental ou então sua ausência nessas comunidades envolvidas pelo referido projeto, qual seja,

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