Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Produção e constituição de sujeitos ecológicos plurais: experiências com algumas populações... 53 É nesse contexto político que diferentes atores sociais forjam um mo- vimento amplo de reivindicação pelo cumprimento dos direitos socioter- ritoriais conquistados, dando novos sentidos às territorialidades tradicio- nais, o que lhes servirão de fundamento para implementarem alternativas ao desenvolvimento rural: no Paraná, movimentos sociais e organizações não governamentais, academia, poder público estadual (destacadamente Ministério Púbico, Instituto Ambiental do Paraná, Instituto de Terras e Cartografias) que juntos empreenderam esforços para o mapeamento desses territórios, em que pese sua tímida regularização fundiária. Não obstante os grandes e positivos esforços empreendidos du- rante o último decênio, questões como governança local e o desenvol- vimento territorial foram pautas pouco ou fracamente incentivadas na agenda dessa rede amplificada de cooperação, pela presença ainda de an- tigas práticas de tutela semifeudal imposta aos movimentos sociais e às comunidades e pela burocratização das formas de representação adaptada às estruturas pouco eficazes dos Conselhos Estaduais e Municipais, subor- dinados à lógica instrumental do Estado e às vontades políticas de cada governo que acabam por enfraquecer e anestesiar o poder reivindicatório desses sujeitos sociais. Na contramão desse processo, embora ainda embrionário, o Pro- grama Parlamento UNItinerante inicia-se como uma proposta alternativa de governança, isto é, uma nova prática dialógica horizontal, capaz de co- nectar as dimensões da sustentabilidade, pensadas e praticadas desde dife- rentes prismas, e segundo os diversos atores sociais envolvidos no processo de escolha dos projetos e rumos que emanam desde os territórios vividos. Uma nova cultura parlamentar, sinônimo de prática dialógica, que possibi- lite ampliar e tornar mais permeáveis e participativos os processos decisó- rios e de governança, em diferentes escalas e dimensões, isto é, incentivando formas de representação e decisão equitativa entre academia, comunidades, poder público e ONGs, atuantes em uma região, onde seja possível reforçar ou até mesmo propor projetos alternativos ao desenvolvimento econômico imposto aos territórios rurais pelas agências estatais. A fim de identificar a capacidade de produção de autonomias co- letivas em sistemas socioterritoriais de borda, tais como se apresentam a maioria das comunidades tradicionais envolvidas na Rede UNItinerante, sugeriu-se a aplicação da metodologia sistematizada por D. Floriani e N. Floriani (2020) aplicável à realidade investigada em quatro comunidades e aqui apenas referidas sinteticamente.
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