Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Produção e constituição de sujeitos ecológicos plurais: experiências com algumas populações... 41 políticos e culturais que lhe dão suporte em escala planetária. Essa dinâmica foi acelerada pelo sistema de crenças de que não deveria haver obstáculos ao desenvolvimento e ao crescimento econômico e que todos os países e suas populações do globo seriam igualmente beneficiários de seus resultados. Assim, na primeira seção, voltada para a constituição de sujeitos eco- lógicos, ecologia dos saberes e sistemas de práticas, apresentamos dois diagramas que buscam articular diversos níveis constitutivos da formação histórica dos sujeitos, como entes ou atores que se inscrevem na dimensão englobante da relação sociedade-natureza. A expressão dessa relação pode ser captada pelos conflitos políticos decorrentes, entre os atores hegemônicos e os subalternos, com possibilidades de diálogo, segundo suas capacidades enunciativas e as práticas políticas autônomas de seus recursos mobilizados, enquanto sujeitos capazes de se autorreconhecerem coletivamente pelas suas identidades culturais. Na segunda seção, dedicada ao tema das capacidades enunciati- vas e de práticas políticas autônomas e diferenciadas, pretendemos esta- belecer algumas diferenças essenciais no campo dos sujeitos ecológicos, ao considerarmos que nem todos os atores alinhados com a defesa do socioam- bientalismo pertencem originariamente aos atores subalternos e designamos às organizações sociais associadas nessa defesa como grupo de apoiadores ou ainda de atores não integrados ao sistema dominante. Utilizamos um exemplo histórico emblemático – A Cúpula dos Povos no evento interna- cional Rio +20 de 2012 – para verificar como é possível apresentar as capa- cidades enunciativas dos sujeitos ecológicos contra a ordem estabelecida. O principal propósito dessa ilustração é demonstrar que sem essa capacidade enunciativa é pouco provável considerar a existência de sujeitos ecológicos. Na terceira seção, sobre algumas precondições para o desenvolvi- mento de uma consciência ecológica e a busca por autonomias socioam- bientais, são formulados os pontos básicos para a constituição de uma cons- ciência ecológica por meio da qual esses sujeitos associam seus sistemas de práticas com o desenvolvimento de uma consciência ética sobre a natureza, o saber cuidar e o bem viver. O desenvolvimento dessa consciência ocorre pelo trabalho de subjetivação identificado como produção e reafirmação de identidade coletiva de central importância na produção de incidências sobre a organização sociopolítica das comunidades. Dessa maneira, e para algumas consequências práticas e aplicadas de nossa proposta, apresentamos, na quarta seção, alguns indicadores so- cioambientais na constituição de sujeitos ecológicos no estudo de caso

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