Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Paradoxos nos entrelaçamentos entre o social e o ambiental: a ecologia integral em múltiplas conexões 23 consonância com os críticos da ciência moderna: não há neutralidade, mas efeitos ou usos contraditórios e a sucessão de formas de poder e controle. Paradoxalmente, novas tecnologias alimentam a capacidade destrutiva por meio de guerras, porquanto estas também instigam investigações científicas. A consolidação e a difusão de múltiplas tecnologias, usualmente com- binadas com distanciamento da origem e das causas dos fenômenos natu- rais, não vêm sendo acompanhadas por um desabrochar da responsabilida- de socioambiental. Portanto, quanto mais meios tecnológicos disponíveis não significam equivalentes cuidados com os bens ambientais. Algumas das questões relativas às dimensões tecnológicas apontadas pela encíclica da eco- logia integral: • A crítica aos paradigmas da ciência e das formas de poder que derivam da capacidade de controle sobre e a partir da tecnologia (LS, 16). • Na realidade, a tecnologia, ligada às finanças, tem produzido combustíveis fósseis, poluição do ar e da água, pesticidas e agro- tóxicos . Assim, à medida que se pretende a única solução dos problemas, é incapaz de ver o mistério das múltiplas relações que existem entre as coisas (LS, 20). • Novas tecnologias desenvolvidas atentam para a mitigação dos efeitos perversos do progresso, como as energias limpas e renová- veis ou o saneamento básico. • Por vezes uma intervenção tecnológica com efeitos nocivos exi- ge outra intervenção tecnológica como forma de compensação, como no caso dos agrotóxicos (LS, 34) , pois os riscos avolumam- -se com a energia nuclear, a biotecnologia, organismos genetica - mente modificados e as armas biológicas. • Inovações tecnológicas podem estar associadas à exclusão social e ao arraigamento de desigualdades (LS, 46), ao mesmo tempo que um olhar do futuro precisa contar com elas. • Por fim, a velocidade das inovações tecnológicas parece atada à noção de um crescimento infinito ou ilimitado, que se vincula por sua vez à falsa percepção da disponibilidade infinita dos bens naturais. Esta ilusão encontra-se associada à imprescindível capa- cidade de regeneração imediata ou os efeitos negativos podem ser manipulados e absorvidos (LS, 106).

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