Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Teresinha Maria Gonçalves, Vanessa Lopes e Bruno da Siva Silveira 192 2. Considerações finais A massificação do consumo, a banalização da violência (dentro e fora do ambiente familiar), a concentração da riqueza e a degradação ambien- tal contribuem grandemente para o empobrecimento (material e emocio- nal) de uma população crescente, que é facilmente marginalizada pelos circuitos de produção e consumo. Diante de tantos desafios, humanos e não-humanos (animais, plantas, recursos naturais e tecnológicos) seguem convivendo na agonia de um futuro incerto. Sabemos que a ativação de uma perspectiva positiva de bem-estar comum depende de uma transfor- mação radical sem precedentes. Tamanha demanda não deve ser tratada com ingenuidade. Nossa chance de êxito está em conseguir coabitar o planeta de outra maneira, reconfigurando o modelo extrativista e colonial que nos trouxe até aqui. Propomos, então, um contraponto frente ao mundo virtual e desu- manizado, onde as pessoas objetificadas pelas redes digitais tomem cons- ciência de uma nova perspectiva de bem viver, num mundo onde todas as formas de vida sejam possíveis e respeitadas. As práticas de urbanidade sustentável, por exemplo, propõem a valorização dos espaços públicos, dos espaços de fala e dos espaços da natureza. Nesse ponto, ativar o conceito de sujeito sustentável se constituiria em uma oportunidade de recompor as expectativas para um outro modo de vida que nos indicasse uma pos- sibilidade de sobrevivência para a integridade humana e, portanto, para a subjetividade. Porém, neste processo, é preciso considerar as contradições inerentes ao neoliberalismo rentista e financista, por se tratar do modelo financeiro dominante do mundo globalizado e detentor das mais altas tecnologias do mundo cibernético. Diríamos, desse modo, que o sujeito sustentável é o que teve acesso ao pensamento crítico, que possa perceber o que se passa na sociedade e posicionar-se perante a vida coletiva. Por fim, para construir um sujeito sustentável é preciso trabalhar tam- bém o desenvolvimento do phatos , ou seja, dos sentimentos, no sentido da beleza da vida, no encontro com o outro e com o ambiente. Um reencan- tamento do mundo se faz necessário, com uma visão não antropocêntrica, para que o sujeito reveja suas bases civilizatórias e reestruture seu ideal de prosperidade, ampliando a ideia de preservação para o alcance de uma vida qualificada para todas e todos.

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