Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Introdução 19 consumo, que tem sua potência criativa atravessada por impulsos de desejo que apontam para um modelo de mundo inatingível e que é regido por um modo de vida insustentável. As/os autoras/es expressam uma postura de defesa da implementação de práticas de atenção e cuidado advindas de indivíduos que estejam conscientemente comprometidos com a preservação da vida em sua integralidade, como condição de uma sociedade que possa ser viável. Ou seja, a construção de sujeitos sustentáveis seria uma condição possível de reativar a sensibilidade e sentimento de pertencimento, sendo capaz de fomentar a empatia e a alteridade em prol de um futuro comum. O texto conclui com uma chamada sensibilizadora: “ Um reencantamento do mundo se faz necessário, com uma visão não antropocêntrica, para que o sujeito reveja suas bases civilizatórias e reestruture seu ideal de prosperidade, ampliando a ideia de preservação para o alcance de uma vida qualificada para todas e todos ”. Finalizamos esta introdução repetindo um lembrete proferido em con- ferência sobre “Justiça Socioambiental”, no VII Congresso da Associação Nacional de Pesquisadores emTeologia e Ciências da Religião, em setembro de 2019: “Os estragos quase indescritíveis em relação à harmonia da nature- za, manifestos em paisagens horrendas de destruição da vida, sobretudo, nas periferias pobres das grandes cidades, não são mais do que manifestações dos estragos milenares que vêm marcando, de forma crescente, a autodestruição da própria humanidade” . As reflexões elencadas na coletânea, aqui introduzidas, tanto no presente volume, como nos dois volumes que precederam, têm a consciência desses estragos milenares, que vêm se acelerando brutalmente, e manifestam, de diferentes formas, a urgente necessidade de mudanças de paradigma em nosso modo de produzir conhecimento, em nosso modo de organização da sociedade, na relação com a natureza e em nossas práticas concretas do dia a dia.

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