Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Ecologia Integral na hipermodernidade: a construção do sujeito sustentável em tempos de barbárie 189 ta de motivações e esperança configuram uma subjetividade desestruturada (Damergian, 2001) onde, em qualquer frustração da vida, não se dá o en- frentamento do limite. Assim, mostram-se os sintomas patológicos da nova estrutura do lar e, por conseguinte, da sociedade, onde não se propicia mais o espaço para a vida simbólica, as emoções, onde não mais se demonstra o amor, mas vive-se em função de conquistas efêmeras. É com a prevalência desta estrutura individualista que as novas gerações internalizam valores deturpados em que o ter é mais importante do que o ser. Damergian descreve, em seus textos, sobre um tipo de sujeito que se comporta socialmente como criança ou como um narciso autocentrado expresso num egoísmo extremado, resultando em atitudes desastrosas, que nada acrescen- tam para si e para a sociedade. E podemos ver isso de maneira muito real por meio do consumismo descartável, visto que são presas fáceis da sedução de propagandas bem elaboradas, pensadas para atingir sua emoção, sua vaidade e sua insegurança. Pensando em “aparecer” para seus amigos e “sair-se bem na foto” para mostrar nas redes sociais, o jovem contemporâneo sai na busca de si mesmo, encontrando-se fragmentado em lugares múltiplos. Dista deste cenário, será que ainda podemos falar em afetividade, da força do afeto? Falar de amor, de solidariedade, de harmonia, de alegria? A pós-modernidade a que Hall (2014) se refere evoca um tempo que não mais existe. Mas a necessidade de não nos perdermos nos joga para a crença de que esse tempo ainda permanece. Um tempo de um outro espaço. Entretan- to, esse espaço evocado da vida sociocultural analógica já não coincide mais com o tempo presente. 1.3 A construção do sujeito sustentável Nesse momento, vamos recorrer a Boff (2009), que nos traz a necessi- dade de uma nova centralidade ética e ecológica em diálogo com a perspec- tiva de inteireza do ser, da unidade entre sociedade e natureza ao defender a consciência como um evento cósmico e terrenal. Partindo deste princípio, entendemos que um novo pacto na relação humanos-natureza pode recupe- rar a sensibilidade perdida pela sociedade do espetáculo, que marca a socie- dade hipermoderna da cultura-mundo. Segundo Proshansky (1976) e Pol (1996), o nosso mundo interno é constituído em várias dimensões: cognitiva, afetiva, interativa, simbólica e estética. Quando o campo da subjetividade é desenvolvido privilegiando apenas o aspecto cognitivo, em detrimento das outras dimensões citadas,

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