Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Nietzsche: das forças cósmicas à economia ecológica integral 177 sob a forma de uma economia ecológica integral, aquela que gerencia o fun- cionamento das forças a partir da natureza entendida em sua integralidade, para além da lógica exclusiva de uma política dos Estados-nação, marcada pela moral gregária. Trata-se da gestão da vida que passa pela fisiologia que afirme a força, pelo aguçamento do sentimento de poder em sua integra- lidade. Nesta concepção de vida integral não há espaço para nenhum tipo de classificação exclusivista, como seria aquele de classes sociais, bem como para manifestações vitimistas, pois tudo é superado pelo sentimento de po- der, mediante a busca de assenhoramento. A lei do gerenciamento das forças perpassa a integralidade dos seres vivos, incluindo a diversidade de raças, classes e nações. Os seres vivos como um todo são marcados pelo sentimento de superação, ou seja, de poder, o qual se expressa pela hierarquia das forças. Desse modo, mesmo que cada um individualmente busque alcançar um ponto culminante de poder, inevitavelmente haverá subjugados e subjuga- dores. Contudo, estes papéis poderão ser invertidos, já que o sentimento de poder é comum a todos. Diante desse modelo de economia ecológica integral, por mais que nela esteja ausente a divisão de classes, a dimensão hierárquica sempre haverá, o que faz com que tal modelo se distancie da- quele marcado pela solidariedade. Na concepção nietzschiana, em última análise, o sentimento de solidariedade nada mais seria senão uma moral de fracos, daqueles incapazes de lutar. Segue-se, portanto, que num modelo de economia ecológica integral o pensamento nietzschiano oferece apenas a dimensão de oportunidade irrestrita aos seres vivos para se disporem ao sentimento de poder. No entanto, trata-se de um poder que se quer alcançar de maneira puramente individual, para além de expedientes que inspirem qualquer forma de alteridade, como seriam aquelas que se depreendem de um modelo democrático. Portanto, o que se destaca em Nietzsche para uma economia ecológica integral é o fato de que a vida se afirme em todas as suas formas, superando tudo o que nela divide, como a moral e todos os seus derivados, para contribuir com o fortalecimento e propulsão de seus mais altos instantes de culminância potencial que integram. Referências ITAPARICA, André Luís Mota. O novo ‘infinito’: perspectivismo e inter- pretação. In: AZEREDO, Vânia Dutra de (org.). Caminhos percorridos e terras incógnitas. Encontro Nietzsche. Ijuí: Unijuí, 2004. p. 97-118.
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