Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Adilson Felicio Feiler 176 4. Conclusão Neste pequeno itinerário pela filosofia de Nietzsche, quisemos mostrar que, apesar de todas as críticas lançadas ao pensamento de Nietzsche, consi- derando-o como afilosófico, fomos levados a perceber que este pensamento traz já desde a forma pela qual se apresenta uma intencionalidade, que por si só já é filosófica. Nietzsche tem a intenção de ultrapassar a modernidade que se enrijeceu pela moral e pela razão; para tanto, dois são os alvos principais de suas críticas: a moral cristã e a moderna ciência. Por essa razão, o filósofo sente a necessidade de retroceder na história do pensamento até antes de Sócrates. No pensamento grego antigo o filósofo alemão julga encontrar o terreno de onde se possa realizar uma transvaloração de todos os valores que o ocidente estabeleceu, munido da moral e da razão. Diante do quadro decadencial sofrido pela cultura ocidental, Nietzs- che vê como urgente o estabelecimento de forças que lhe façam oposição. Para tanto, procede a filosofar a golpes de martelo sob bases que necessitam ser desconstruídas. Uma vez desmanteladas estas bases, novas poderão sur- gir. Inicia com golpes de martelo sob a concepção filosófica ocidental de Ser, aquela concepção estática, fechada, doutrinária, mas em seu lugar instaura a concepção de Devir, movimento, leveza revisitando aquela problemática fi- losófica inicial instaurada por Parménides e Heráclito. Segue o filósofo em uma desconstrução da razão, que em seu procedimento classificador analítico procede em separações que implicam na perda da totalidade, para dar espaço à intuição, aquela capacidade de alargamento de visão permitindo abrir-se ao pensamento de plenitude. E, ainda, um terceiro golpe de martelo é aplicado sobre a concepção de verdade, que em sua determinidade legal constrange as forças, para instaurar a dimensão perspectivística em que a multiplicidade e a diferença permitem com que o movimento possibilite a vasão das forças e assim a vida se afirme como uma concepção artística e integral. Logo, Nietzsche inaugura um modo de fazer filosofa diferenciado; modo este de superação genealógica que, ao proceder a golpes de marte- lo, desconstrói o que o Ocidente construiu mediante a razão e a moral. Seja na forma, pelo estilo aforismático, como no conteúdo, uma concepção organicista estética da vida, Nietzsche transvalora os valores ocidentais tra- dicionais. A transvaloração se dá pela ativação das forças, que atuam como vontade de potência, pelo homem que se ultrapassa, como além do homem, que, em cada ciclo do retorno, afirma o fato amando-o como amor fati . O amor revela a dimensão de totalidade da vida, a qual se é convocado assumir

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