Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Adilson Felicio Feiler 166 resistência, permeia a vida em sua totalidade. Por isso, a cada instante novos desafios se desenham, fazendo com que um quantum de resistência se des- prenda, num processo sucessivo e infindável. Toda atividade , enquanto tal, produz prazer – falam os fisiólogos. Em que medida? Por que a força acumulada trouxe consigo uma espécie de ímpeto e de pressão , um estado face ao qual o fazer é sentido como uma liberação ? Ou na medida em que toda atividade é uma superação de di- ficuldades e oposições/resistências? e por que muitas oposições/resistên- cias pequenas, sempre de novo superadas, trazem consigo, de maneira leve e como uma dança rítmica, uma espécie de comichão do sentimento de poder ? ( Nc /FP da Primavera de 1887, 7[18], KSA 12.301-2). A configuração das forças que se depreendem desta sucessiva luta se dá de forma hierárquica, em subjugados e subjugadores. Contudo, os que hoje são subjugados amanhã poderão não o ser e vice-versa. A ordem e bus- car continuamente o assenhoramento, pelo atingir de pontos sempre mais culminantes de potencia. Enquanto houver obstáculos a serem superados, havera a necessidade de se opor resistência; portanto, ha forca, num processo infindável. Caso contrario, sem obstaculos, nao ha resistencia, e, consequen- temente, nao ha forca. Em ultima analise, e a força o que move a vida, o que a sustenta. Vida e forca. Por essa razao, a vida e mantida com as forcas que lhe correspondem, na medida em que for imune a doenca e gozar de saude. Mas não de qualquer saúde e sim de uma “[...] grande saúde, seria preciso, em suma e infelizmente, essa mesma grande saúde !...” ( GM /GM, II Dissertação, 24, KSA 5.336). Se tudo está em movimento, é inconcebível à Nietzsche todos os cons- tructos produzidos pela moral, principalmente aqueles que se depreendem da concepção cristã. Os diversos mandamentos e leis que se insurgem para ordenar ao ser humano esquecer a vida humana terrena para se apegar àque- les que se depreendem de uma concepção transcendente, como é o caso de concepções como vida eterna, pecado, inferno, culpa. Desse modo, segun- do o filósofo, ao esquecer as realidades deste mundo, são impedidas que as pulsões próprias das inclinações humanas se expressem e, com isso, se nega a vida. Pois a vida é abertura e, por isso, não pode ser enquadrada em es- quemas racionais determinados e exclusivos, mas compreendida como movimento de pulsões que buscam se afirmar em instantes de plenitude; portanto, cada instante é pleno, constituindo, por essa razão, a intuição.
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