Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

José Ivo Follmann 16 onde emerge sua condição de sujeitos de ação” . Colocando em questão o “mito do crescimento econômico”, os autores propõem uma reflexão expositiva crítica sobre a possibilidade de vislumbrar a emergência de sujeitos ecológi- cos, na construção de autonomias socioambientais, não como um caminho pretensamente exclusivo, mas aberto e que se soma às muitas outras formas alternativas existentes e conhecidas. O texto “privilegia os sistemas de práticas socioambientais de algumas populações tradicionais do centro-sul paranaense, em territórios faxinalenses e de produtores rurais agroecológicos” . Na sequência, o “mito do crescimento econômico” é confrontado a partir do modo perverso de como se dão os grandes empreendimentos de barragens no coração da Amazônia. É o terceiro capítulo , assinado por Guillermo Antonio Cardona Grisales. O autor coloca em questão os grandes empreendimentos na Amazônia, dentro da perspectiva da Ecologia Integral. O seu foco é a busca da justiça socioambiental, deixando claro que “socioam- biental” diz respeito à justiça que deve ser feita de forma integrada, tanto às populações locais como ao meio ambiente. Com uma rica revisão bibliográ- fica o autor conduz-nos por um roteiro de elucidação da racionalidade do mundo científico perversamente a serviço dos empreendimentos predatórios e destruidores da vida no planeta. Entre as conclusões do texto destacamos um apelo central do autor: “ Faz-se necessário mudar o modo de fazer ciência. Se continuarmos com o estatuto das ciências como estão concebidas, continuaremos destruindo o planeta. Precisamos outros tipos de ciência que procurem o equilíbrio do planeta e das intervenções sociais e a igualdade social, o cuidado dos patrimô- nios econômicos, sociais e culturais que têm os povos e a natureza” . O quarto capítulo , de autoria de Sandoval Alves Rocha, retoma o tema caro da água. Com o título “ Á gua, elemento representativo da ecologia in- tegral ”, o autor propõe um roteiro de reflexão, descortinando sucessivamen- te quatro grandes horizontes: “terra”, “vida”, “sociedade moderna” e “bem comum”. O texto sublinha a importância da ecologia integral, que concebe a água “como um elemento essencial a ser considerado nas suas múltiplas cone- xões, devendo ser protegido e administrado adequadamente para o benefício de todos” . No centro da reflexão do autor está a crítica à racionalidade presente na modernidade, “ marcada pela separação entre o Ser Humano e a Natureza, ocasionando uma relação predatória do primeiro em relação ao segundo” . O ca- pítulo conclui evocando o posicionamento do Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA que, em 2018, declarou: “Somos radicalmente contrários às diversas estratégias presentes e futuras de apropriação privada sobre a água,

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