Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Josenir Lopes Dettoni 152 Por ser um dos campos da filosofia aplicada, metodologicamente de- manda tanto conhecimentos da tradição filosófica, como também sólido embasamento na área de aplicação. Para ser considerado razoável, o prog- nóstico hipotético preferencialmente deve estar embasado em estudos inter- disciplinares, pesquisas de ponta e, se possível, até em dados quantitativos. Uma vez estabelecida a hipótese futurística, aplicam-se sobre ela con- siderações filosóficas derivadas. Assim, dependendo da área filosófica uti- lizada, podemos falar em Ética do Futuro, Filosofia Política do Futuro e Filosofia da Educação do Futuro, apenas para citarmos alguns exemplos. Desde uma perspectiva ecointegral, a Laudato Si’ aprofunda a discus- são em diversos temas ligados ao porvir e lança “[...] um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do pla- neta” (LS, 14). Dentre os conteúdos abordados estão aquecimento global, elevação do nível dos oceanos, desertificação, grandes migrações, refugiados ambientais, extinção de muitas espécies animais e vegetais, acirramento das diferenças sociais, manipulações genéticas, hiperconectividade e até possí- veis guerras por recursos naturais. O documento salienta, nesse contexto, ser “[...] previsível que, perante o esgotamento de alguns recursos, se vá criando um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reivindica- ções” (LS, 57). São temas, como vemos, de extrema relevância, que merecem aprofun- damento adequado em outro momento oportuno. No entanto, destacamos aqui que: As previsões catastróficas já não se podem olhar com desprezo e ironia. Às próximas gerações, poderíamos deixar demasiadas ruínas, desertos e lixo. O ritmo de consumo, desperdício e alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades do planeta, que o estilo de vida actual – por ser insustentável – só pode desembocar em catástro- fes, como aliás já está a acontecer periodicamente em várias regiões. A atenuação dos efeitos do desequilíbrio actual depende do que fizermos agora, sobretudo se pensarmos na responsabilidade que nos atribuirão aqueles que deverão suportar as piores consequências (LS, 161). Dado o grande número de estudos científicos sobre a questão, a hipó- tese futurística de uma catástrofe socioecológica de dimensões globais não parece leviana, o que nos interpela a mudanças imediatas na forma como temos agido. Francisco é consciente disso ao apontar que “os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um

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