Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

Decolonialidade e contrarracismo: o “ser branco” no horizonte da descolonização das mentes 141 No contexto em que se encontra a nossa sociedade, com as impli- cações sociais e raciais em função do reacender de práticas racistas e o silenciamento dos brancos em relação à sua própria problemática, a trans- disciplinaridade pode contribuir para uma revisão e revitalização dos olha- res intelectuais de todas as áreas no sentido de abraçarem a problemática concernente ao “ser branco em nossa sociedade”, pelo viés de uma ciência séria que considere a presença do sujeito enquanto parte interessada no combate ao silenciamento de suas formas de educação e práticas repres- soras e negligenciadas nas diversas áreas de conhecimento. Entendemos que a transdisciplinaridade só terá o seu valor quando se entrelaçar com a temática da Educação das Relações Étnico-raciais, trazendo os sujeitos para a “real realidade”, no exame de suas posturas e suas práticas em todas as áreas. Nem a Educação das Relações Étnico-raciais, nem a transdisci- plinaridade terão reconhecidos esse valor sem uma clara postura de des- colonização das mentes e posicionamento firme de luta antirracista (de desmonte do racismo institucional e do racismo estrutural) e contra todas as outras formas de perversidade colonialista que ainda perduram em mui- tos meandros de nossas academias. 4. Conclusões, tematizando a educação O que tratamos ao longo do texto deste artigo está diretamente rela- cionado com a urgência de uma Educação (reeducação) das Relações Étni- co-raciais (aplicação da legislação da ERER) para que o Brasil possa rever a sua história e reencontrar-se com suas verdadeiras origens, tão deturpadas pela educação branca dominante, ainda centrada em uma visão muito euro- cêntrica em suas posturas. Existe, no entanto, um grande problema a ser enfrentado, já que esta não é tarefa simples em um país onde ainda impera a branquidade. A nossa percepção ou hipótese é que enquanto o “tido branco” não tiver conheci- mento de sua própria história e identidade, ele tenderá a deturpar também a formação dos sujeitos de etnia ou cultura diferente. Se este sujeito “tido branco” não se der conta de suas mazelas de cunho discriminatório e pre- conceituoso, ele não terá condições de formar sujeitos de cultura diferen- te, pois já de origem ele mesmo está marcado por sua miopia branca, que se reflete inconscientemente em posturas de dominação, de preconceito e discriminação.

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