Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 140 brancos (“tidos brancos”), que são os próprios protagonistas sujeitos da colo- nização e da colonialidade em nossa sociedade, têm dificuldade de perceber os danos que são mediados por certas matrizes ideológicas de construção e produção de conhecimento, veiculados nas academias. Na realidade, vive-se um processo de alienação que envolve os meandros acadêmicos, tornando bastante difícil a tarefa de geração de branquitude, ou seja, “descolonização das mentes brancas” na superação da postura de branquidade. 3.4 A solução transdisciplinar e conceitos descolonizados Ao tratar do papel da escola e das academias, Follmann (2005) defende a importância da transdisciplinaridade como forma de superação de certos engessamentos inerentes a esses espaços. A temática da transdisciplinaridade nos chama para o reconhecimento e a valorização de saberes e percepções de fora das disciplinas (ou dos conhecimentos disciplinados), dentro do pro- cesso de produção do conhecimento. Este reconhecimento e valorização na academia é caminho propício para o reconhecimento e valorização da diver- sidade de sujeitos oriundos de diversidades identitárias étnicas existentes na sociedade brasileira e no mundo todo. Talvez, para nossa discussão voltada para descolonização das mentes e da importância da decolonialidade, a transdisciplinaridade dando suporte a autênticos processos de identidade dentro da diversidade acadêmica, possa ser também aporte para se chegar, com mais amplitude, no debate da bran- quitude e da branquidade e promover estudo dos processos de identidade dos “tidos brancos”. Para nós, há uma chave propícia para desencadear de dentro da academia a descolonização das mentes colonizadas e marcadas por uma história alienada e banhada no poder da brancura superiorizada. Em diálogos tidos na atividade de “Educação das Relações Étnico- -raciais”, a nossa reflexão sobre processos de identidade leva-nos a refletir sobre a necessidade de relacionar tudo isso com a transdisciplinaridade. Este diálogo pode contribuir com a ampliação e aprofundamento dos estudos já existentes em nível de América Latina, no sentido de fortalecer a descolo- nização das mentes ainda colonizadas. Talvez tenha que se aprofundar mais esse debate e perspectiva... Retomamos aqui afirmação em texto anterior: no debate sobre a transdisciplinaridade e relação com as discussões so- bre a diferença étnica intercultural, percebe-se a nítida ausência de diá- logos referente a essa temática. Talvez seja pela falta de conhecimentos e pesquisas mais amplas do tema (PINHEIRO, 2014, p. 127).
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