Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3

José Ivo Follmann 14 O segundo movimento, da pesquisa em curso, dentro do processo de diálogos e troca de narrativas, estudos e textos, constituiu-se no Volume 2 , que pode ser sintetizado da seguinte forma: foi uma espécie de revezamento, onde um novo grupo ocupou a roda de conversa, retomando, sob novos ângulos , a temática desenvolvida no primeiro volume, ou reforçando as mes- mas perspectivas já trabalhadas. Assim, com nove capítulos bastante densos, o Volume 2 constituiu-se em um panorama de ensaios provocativos que nos fizeram transitar entre educação, filosofia, psicologia social, sociologia, teologia, direito e cosmolo- gia e que tiveram, como ponto de partida, a chamada de atenção em relação à “cumplicidade promíscua entre tecnociência e mercado” . Esta provocação, que brotou de dentro de uma ampla reflexão sobre tecnociência e mercado sob o olhar da Ecoteologia, foi seguida por um texto relatando aspectos de pesquisa sobre reabilitação psicossocial, tendo como uma referência chave o fato que “as sociedades são abissalmente divididas entre quem tem acesso a direitos sociais e culturais e quem não tem” . Um terceiro texto que entrou na roda de conversa nos conduziu para um ângulo , totalmente outro, de interlocução, mas profundamente afi- nado com o ponto central perseguido: a concepção inaciana de formação enquanto possibilidade de educar na perspectiva de ecologia integral. Como educar para superar as distâncias abissais? Dentro da perspectiva inaciana, “não se educa para reproduzir o status quo, mas para fazer com que as pessoas sejam plenamente autênticas, sujeitos, cidadãs e cidadãos, homens e mulheres com capacidade de olhar a realidade de forma lúcida, crítica e comprometida com sua transformação” . Na sequência, o quarto texto ampliou a reflexão sobre este educar na perspectiva da ecologia integral, pautando a “educação em justiça socioambiental para a ecologia integral”, que passa por dentro do compromisso ecológico e do compromisso com a justiça social. A reflexão a partir da educação foi seguida por uma análise reflexi- va, no quinto texto, provocando, em nível filosófico, os nexos que vinculam e atravessam a ecologia e a justiça. Ao falar em justiça, é fundamental que se chame ao centro da atenção a memória das vítimas. Este diálogo filosófico sobre as injustiças ambientais e sociais foi secundado pelo sexto texto, que trouxe o esforço em curso da formulação das bases de uma “ filosofia ecológica integral” , argumentando em favor dessa proposta filosófica nascente como potencial contribuição para “o cuidado da casa comum e a construção de uma cultura socioambientalmente justa e solidária” .

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz