Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Decolonialidade e contrarracismo: o “ser branco” no horizonte da descolonização das mentes 137 Deve ser ressaltado, ainda, que a ideia de branquidade está associada à ideia de naturalização das desigualdades associadas à raça e total inércia com relação a ações afirmativas, quando, por outro lado, branquitude sempre estará associada a uma viva atenção e reconhecimento da dignidade do outro (do diferente) e postura de proatividade atenta nas ações afirmativas. É um divisor facilmente detectável na sociedade e no meio acadêmico. Já afirmamos em um texto anterior que para a branquidade o conceito de raça incomoda e é inaceitável, enquanto para a branquitude o conceito de raça, que é um conceito político, é importante e ajuda as colocar as coisas no seu devido lugar. Afirma Pinheiro (2014) que O conceito político de raça é um conceito gerador de conhecimento. Assim também entendemos que o esforço de distinguir entre branqui- dade e branquitude pode ser gerador de conhecimento. Nós distingui- mos branquidade de branquitude, associando a ideia da branquidade com a negação da importância do conceito político de raça e ideia da branquitude com a aceitação da importância do conceito político de raça (PINHEIRO, 2014, p. 111). Assim também a branquidade não consegue suportar, e acha estranho, poder ser objeto de estudo, enquanto “ser branco”. Já quem despertou para a branquitude, considera normal e importante poder ser objeto de estudo, da mesma forma como outras raças ou grupos étnicos o são. A própria bran- quidade, enquanto uma forma característica de postura do “ser branco”, leva o sujeito a se perceber como superior, considerando-se, só ele, com direito para estudar os outros. A branquidade, entendida como um objeto pouco estudado e visto como construção ideológica bem situada no bojo central do projeto da ordem social brasileira está marcada por uma dinâmica de poder absoluta (PINHEIRO, 2014, p. 117). 3.2 Como se manifesta na sociedade? As atuais manifestações no campo político, econômico e social, visíveis em todo o país, mostram uma classe média elitizada, tremendamente aguer- rida e decidida para fazer valer ou reaver os seus privilégios, considerados ameaçados por um longo período de políticas sociais inclusivas, como refere Jessé Souza (2017). Esta classe parece estar despertando de um sono tem- porário, percebendo-se “repentinamente” ameaçada devido ao momento de crise econômica enfrentado.
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