Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 136 rique Cardoso e Roger Bastide, que vão desenvolver importantes estu- dos sobre as relações raciais no Brasil. Tratando da revolução burguesa como fenômeno estrutural, cujos interesses em formação e expansão no Brasil apontavam novas formas de organização do poder. Eles pro- curaram contextualizar a situação do trabalhador negro e iniciaram um processo de desmitificação da ideologia da democracia racial brasileira (CARONE; BENTO, 2002, p. 48). Os antropólogos e sociólogos, além de outros estudiosos de diferentes áreas de conhecimento, apresentaram enormes esforços no sentido de trazer à tona os danos sociais e raciais cometidos pela ideologia e prática das políticas de branqueamento para as diversas culturas. É uma tarefa gigantesca que hoje se associa toda a proposta da Educação (ou melhor re-educação) das Relações Étnico-raciais. É um desafio gigantesco, porque a construção da ordem social brasileira foi estruturada a partir de agendas exclusivamente pautadas pelos senhores dos poderes políticos e econômicos, de forma que a ideologia do branqueamento está profundamente impregnada e naturalizada em pratica- mente todas as áreas de conhecimento. Ou seja, a branquidade impera sobre a branquitude. Retomaremos a questão commais detalhes no subitem seguinte. 3.1 Conceito de branquidade e branquitude O tema da “identidade do branco” ou do “ser branco” dos “tidos bran- cos”, apesar de com atraso, vem sendo pautado com ênfase por diversos autores e autoras já referidos. Nesses debates conseguimos identificar con- cepções diferentes que, em nossa percepção, sinalizam, de um lado, para o que passamos da denominar branquidade, resultante de todo um processo de alienação e, de outro lado, o que aprendemos a denominar de branqui- tude, que resulta de processo de desalienação das mentes brancas. Neste último caso elimina-se, aos poucos, o medo e se afirma o sujeito branco não como dominador e amedrontado, mas consciente dentro de sua “real rea- lidade” e capaz de uma interação verdadeira com o diferente. Os conceitos de branquidade e branquitude têm contribuído para descortinar diante de nossos olhos o amplo espectro das mentalidades colonizadas e sua dinâmica. Como já asseveramos anteriormente, branquidade é a situação vivida pelo “ser branco” escravo de sua mentalidade colonizadora, enquanto branqui- tude é a situação do “ser branco” com “mente descolonizada”, liberta dessa condição para reconhecer o outro, o diferente e não o tratar mais como um objeto, mas como sujeito de igual para igual em todos os níveis.
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