Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Decolonialidade e contrarracismo: o “ser branco” no horizonte da descolonização das mentes 133 estruturais e culturais de toda sociedade brasileira e demais sociedades la- tino-americanas. Com isso, o sentido da colonialidade foi de colocar seu peso forte na subalternização dos sujeitos, das culturas, tornando inferiores os indígenas, os negros, entre outros excluídos, em sua rota de dominação colonial e poder de colonizador. O efeito colonial foi tecendo seu espaço de entrelaçamento de men- tes e memórias, entre os povos originários (indígenas), os negros que fo- ram brutalmente colonizados, e os próprios sujeitos brancos, protagonistas centrais dos embaraços colonialistas. As estruturas coloniais e colonizadoras foram rompendo com as demais culturas étnicas e se alojando fora do cul- turalismo genérico no sentido de se fortalecer e recriar estruturas de poder colonialistas. Segundo Grosfoguel e Costa (2016), A decolonialidade, como falamos acima, não se constitui num projeto acadêmico que obrigaria aqueles que a adotassem a citar seus autores e conceitos chaves, nem se constitui numa espécie universalismo abs- trato (um particular que ascende à condição de um desígnio universal global); caso isso ocorresse, estaríamos nos deparando com um novo colonialismo intelectual não mais da Europa, mas da América Latina” (GROSFOGUEL; COSTA, 2016, p. 20). As leituras de alguns escritos de Aníbal Quijano (2005) apontam-nos novas perspectivas de aprofundamentos teóricos. Quijano apresenta seu conceito de colonialidade e de poder colonial, entendido como a maneira em que a dominação das potências centrais se situa em relação às periféricas. São situações sociais ou raciais estruturadas, através de uma diferença étni- co-racial, de gênero, de classe, que hierarquiza o dominador em relação ao dominado, objetivando o controle do trabalho, dos recursos e dos produtos em favor dos donos do capital e do mercado mundial. É uma dominação acentuada na política e economia que parece se justificar através do conceito de raça, acompanhado de uma dominação epistêmica, filosófica, científica e linguística ocidental. Este modo de pensar do autor facilita a nossa forma de compreender a importância de trazer para o centro deste debate questões de estrutura de classes, como debatem Jessé Souza, de uma parte, e Octávio Ianni, de outra parte. Em outras palavras, retomando o que já sinalizamos anteriormente, segundo Jessé Souza, a es- trutura de classes no Brasil tem a marca do racismo. Só teremos como en- tender o Brasil se entendermos a estrutura que se formou ao longo dos quase quatro séculos de escravidão. Para Octávio Ianni só entenderemos a questão
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