Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Adevanir Aparecida Pinheiro, Maria Nilza da Silva e José Ivo Follmann 132 2.1 O conceito de decolonialidade A atividade acadêmica “Afrodescendentes e América Latina” tem nos possibilitado uma abertura de horizontes em termos teóricos que necessita- vam ser explorados nas salas de aula. Os estudantes em geral parecem viver totalmente “despistados” dessa temática... “Nossa! Eu jamais imaginei estudar esses temas aqui sobre os afrodes- cendentes no geral da América Latina. Nunca tive tempo de parar e pensar que até o próprio Brasil está situado na América Latina... Isso fica tão distante do nosso dia a dia que a gente nem se dá conta disso.... e olha que tem muito conhecimento para ser desvendado, né professo- ra! Muito bom!” (Depoimento do aluno (R. L.), registrado no segundo semestre de 2016, em debate na sala de aula). Apresentamos, nessa reflexão, a importância do conceito de descolo- nização, ou seja, como será pontuado na sequência (item 4), quando busca- mos aprofundar o sentido do conceito de branquitude e branquidade esta- mos também acenando para a descolonização. Branquidade é manifestação plena da colonialidade, enquanto branquitude é a busca de rompimento com a colonialidade e processo de descolonização da mente branca. Lem- bramos que toda discussão e debate voltado para este conceito nos garante a quebra ideológica do racismo e de todas as formas de superioridade ainda presentes e cultivadas no meio acadêmico, onde o poder colonizador ainda continua vivo através da sutileza de determinados intelectuais que são aves- sos às práticas de efetivo reconhecimento do outro. Continua perceptível que a formação identitária dos diferentes sujeitos foi submetida a um abafamento e subordinação do poder colonial. Desta forma, os processos históricos, tanto no contexto brasileiro como no lati- no-americano, foram também sendo submetidos ao modo colonial de ser. Para Quijano (2005), o início da modernidade está no período da conquista da América pelos europeus. A partir deste período se expandem as posturas de subalternização, de um lado, e a superioridade, do outro, sob domínio colonial, do poder colonizador e das mentes colonizadas. O pensamento de Quijano (2005) contribui no sentido de nos ajudar a perceber os aspectos do poder da colonização e como essa estratégia foi sendo semeada por meio das contribuições produtivas, focadas na dimen- são e composição da estrutura marcadamente pelo poder da Europa sobre a América Latina. A nosso ver, a colonialidade em sua maior ou menor gravidade foi também se estendendo de forma sutil e gradativa nos meios
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