Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Decolonialidade e contrarracismo: o “ser branco” no horizonte da descolonização das mentes 131 que poderá, através da educação, passar o Brasil a limpo, desmontando o que historicamente foi construído nas mentes brasileiras. Mesmo que tenha- mos a presença das culturas africanas e dos povos originários (indígenas), sabemos que estas sempre estiveram ausentes da visibilidade social, muitas vezes silenciadas, ampliando-se, assim, a realidade perversa das desigualda- des. Quando falamos em silêncio, estamos olhando para as normas e pode- res impostos pelo sujeito branco (“tido branco”) que detém os limites de fala dos diferentes, provocando não somente o silêncio, mas também buscando demarcar os lugares de fala do outro, ou do diferente. Perguntamos, aqui, quem são os diferentes? Como são formadas as reais desigualdades e as dis- tâncias sociais quase intransponíveis? Sendo os brancos coordenados por si mesmos, as mídias ou meios de comunicação fortalecem sempre os seus representantes. Os demais sujeitos étnicos diferentes são sempre colocados nas margens das estruturas sociais tendo que lutar para se representar ou se fazer representar. Existem flagran- tes de desigualdades de expressão e de representação nesses meios. Esta ex- clusão, no entanto, é, em geral, sutilmente silenciada. Para Dijk: O silenciar das mídias sobre as desigualdades raciais é constante. O si- lêncio exerce um duplo papel: o de negar os processos de discriminação racial, buscando ocultar a racialização das relações sociais, ao mesmo tempo em que propõe uma homogeneidade cultural ao “brasileiro”. O branco é tratado, nos diversos meios discursivos, como representante natural da espécie. As características do branco são tidas como normas de humanidade (DIJK, 2008, p. 82). O mesmo acontece em muitos outros espaços dominados pelas mentes brancas, de dominação colonial perpetuada. Entre estes espaços, obviamente, destaca-se o espaço educacional, especialmente a educação superior. Nós consideramos a importância de que todos, povos indígenas, população negra, e população branca, tenham chances de estar em todos os espaços e precisamos criar sintonia no sentido de empurrar de volta o “rolo compressor” da mente branca colonizadora, principalmente o “rolo” educacional. Juntos atuar na busca de descolonizar as mentes, ainda presas nos aprendizados colonizadores. Para isso, faz-se necessário que as institui- ções de educação superior possam repensar suas práticas e seus formatos epistemológicos e científicos, objetivando uma renovação na produção do conhecimento, no mundo educacional e na formação dos futuros intelec- tuais e educadores.
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