Ecologia Integral: abordagens (im)pertinentes - volume 3
Decolonialidade e contrarracismo: o “ser branco” no horizonte da descolonização das mentes 129 no século XXI. Ou seja, a mente colonialista perdura viva em todos os âm- bitos de nossa sociedade, marcada por uma elite branca cegada em seu poder e privilégios. Culturas, grupos étnicos sempre marginalizados e raças his- toricamente empurradas para as classes inferiores da sociedade continuam sinais vivos de um racismo colonial hipócrita e mal disfarçado no Brasil e na América Latina. O desafio posto para nós nesta reflexão é o de buscar res- postas indicativas ao questionamento do próprio subtítulo: Por que devemos descolonizar as mentes embranquecidas? Fomos percebendo, sempre mais vivamente, em nossos estudos e prá- ticas, o tamanho do abismo do branqueamento. Assim, deixamo-nos de- safiar para pensarmos que a descolonização das mentes passa também pela nossa própria maneira de agir no cotidiano e, sobretudo, na forma ideológi- ca e científica ainda presa no modelo colonialista, do qual também bebemos e continuamos bebendo. Os autoquestionamentos que fizemos, além de jogarem novas luzes no horizonte de nossos conhecimentos, contribuem para entendermos a im- portância dos conceitos ou categorias como a descolonização, colonialidade e decolonialidade, assim como são pensados, por exemplo, por Mignolo e Grosfoguel, em estudos sobre o tema na América Latina. Nossas buscas nos provocaram teórica e metodologicamente, e volta- mo-nos para a problemática dos brancos e a ausência deste tipo de questio- namento nos debates da academia na América Latina em geral e no Brasil. Trata-se de um debate ainda muito tímido e gerador de desconforto. Lem- bramo-nos das provocações da Professora Petronilha em suas falas voltadas para a “descolonização das mentes” colonizadas e embranquecidas. As inquietações para as quais a Professora Petronilha nos despertou, de modo especial, foram em parte sistematizadas e amadurecidas, em nosso trabalho de doutorado, já em 2011. O tema tem nos instigado e impelido, sempre mais, para ampliar o horizonte e fazer com que discussões e deba- tes ainda demasiadamente focados na temática dos afrodescendentes fossem voltados, também, para os brancos ou sobre os brancos e todo o peso ideo- lógico que os acompanha. Para Nelson Maldonado-Torres (2007), “o colonialismo denota uma relação política econômica, na qual a soberania de um povo está no poder de outro povo ou nação, o que constitui a referida nação em um império”. Este autor auxilia-nos a entender a dimensão em que se alastrou a colonização e como isso foi sendo semeado em nossas mentes e nas práticas cotidianas em geral. O autor ainda propicia um entendimento voltado para o colonialismo
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